Raimunda Gomes da Silva, de 78 anos, mais conhecida como dona Raimunda Quebradeira de Coco, ficou conhecida pelo seu trabalho social como líder comunitária do povoado onde morava, chamado Sete Barracas, em São Miguel do Tocantins. Ela faleceu na noite da última quarta-feira, 7, em sua casa, e deixou um legado de liderança para o Tocantins, Brasil e mundo.

Raimunda foi responsável pela fundação do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), criado em 1991 e atuante nos estados do Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão, que tinha como objetivo a garantia dos direitos das mulheres da região do Bico do Papagaio.

A quebradeira também recebeu o título de doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em 2009, além de prêmios como o Diploma Mulher-Cidadã Guilhermina Ribeira da Silva, pela Assembleia Legislativa do Tocantins. Ela também ganhou o Diploma Bertha Lutz, do Senado Federal, concedido a mulheres que contribuíram para a igualdade de gênero no Brasil.
Com sua trajetória na luta pelas quebradeiras de coco, Raimunda foi a única do Tocantins que já fez parte da lista mundial das mil mulheres que concorreram ao prêmio Nobel da Paz, no ano de 2005.

Simples, mas uma líder nata, Raimunda chegou a ser lembrada pela Organização das Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) numa série de reportagens que fazem parte da Campanha Regional pela Plena Autonomia das Mulheres Rurais e Indígenas da América Latina e do Caribe – 2018.

Problemas de saúde

Raimunda Quebradeira de Coco conversou com a equipe do Jornal do Tocantins no ano passado e relatou que passava por diversos problemas de saúde e financeiros. “Um deles é a cegueira de um olho devido à catarata e diabetes. Também não consigo andar”, relatou a líder comunitária. Ela precisava ir até Imperatriz (MA) e Augustinópolis, extremo Norte do Estado, para fazer consultas médicas, mas que nem sempre era possível por não ter condições de abastecer o veículo. “Preciso de ajuda para me deslocar até para comprar os remédios. Quem puder me ajudar agradeço muito”, falou emocionada na época. A idosa morava com o esposo e um filho.

Trabalhos

Sua vida e seu trabalho também já foram retratados em documentários e até músicas. Um dos mais conhecidos é o documentário feito pelo cineasta tocantinense Marcelo Silva, patrocinado pelo Ministério da Cultura e apoiadores locais, que foi cedido para divulgação no Jornal do Tocantins.

Assista ao vídeo para saber mais sobre a história e trajetória dessa mulher e líder que deixará saudades e a certeza de que a luta em defesa dos direitos das quebradeiras de coco deve continuar.

 

RAIMUNDA - A QUEBRADEIRA DE COCO from BR153Imagens on Vimeo.