Mãe de primeira viagem e já no nono mês de gestação da Ana Laura, a advogada Laura Lima, 35 anos, conta que até agora a sua gravidez está sendo tranquila. Segundo ela, o desejo de ter um filho sempre foi muito forte e junto com isso, a vontade de realizar um parto normal, porque acredita que essa é a melhor opção para o bebê.

“Sempre quis ser mãe e ter um parto normal também, não que essa opção me fará uma mãe melhor, mas porque quero respeitar meu bebê e seu tempo, além disso, deixa-la vir ao mundo quando realmente estiver pronta e acredito que só ela saberá o momento certo”, completa.

Assim como Laura, muitas mulheres também optaram, no ano passado, pelo parto normal, mas a quantidade de césarias ainda é maior no Tocantins. Dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) apontam que foram registrados 7.627 partos até o segundo quadrimestre de 2017, sendo 3.569 normais e 4.058 cesários. Os números correspondem todo o quantitativo de partos realizados no Estado, incluindo a saúde suplementar, que também abrange a rede privada. Esses números representam o percentual de 46,7% de partos normais e 53,2% de partos cesário.

Para incentivar o parto natural a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) iniciou neste mês a segunda etapa da Campanha Parto Adequado. A meta é reduzir o número de cesarianas desnecessárias, ou seja, que não tenham indicação clínica e sejam feitas por conveniência das partes envolvidas, podendo, inclusive, causar prejuízos à saúde do bebê. Segundo a ANS, no ano de 2016, 35 maternidades fizeram parte da primeira fase de campanha.

Conforme a Agência, na primeira fase da campanha, que iniciou em 2016, os hospitais participantes conseguiram evitar a realização de 10 mil cesarianas desnecessárias em todo País. O número de partos normais cresceu 76% no ano passado.

Campanha

No Tocantins, de acordo gerente de Média e Alta complexidade/Rede Cegonha da Sesau, Raquel Marques Soares Santana, em 2011 foi criada a Rede Cegonha, através da portaria 1.459, de 24 de junho de 2011, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), no mesmo ano, o Tocantins aderiu à rede, que é um programa nacional que garante à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis e uma das diretrizes é reduzir tanto a mortalidade materna e neonatal, além de aumentar o percentual de partos normais.

Segundo a responsável, no decorrer dos anos foram desenvolvidas várias atividades com o intuito de trabalhar esses dois indicadores. “Foram criados dois espaços na secretaria para discussão e elaboração de ações de saúde voltadas para redução do parto cesário. Entre eles, o “Fórum Perinatal”, que é um espaço coletivo onde toda a sociedade é convidada para discutir as ações”, completa.

Além disso, Raquel destaca que foi instituído o colegiado das maternidades. Lá todos os representantes dos 139 municípios são convidados para discutir o que pode melhorar no pré-natal, para que a mulher não tenha complicação na hora de dá a luz e assim possa fazer o parto normal. “Nós também fazemos um trabalho de conscientização nas cidades, com um plano de ação entre Município e Estado, também trabalhando na redução da cesariana”, frisa.

A gerente ainda comenta que outra ação da Sesau é o Dia D de combate à violência obstetra. Nesse dia todas as maternidades públicas do Estado fazem um movimento de conscientização da violência obstetra, que envolve as cesarianas desnecessárias.

“Todas as evidencias científicas apontam que o bebê que nasce de parto normal vai apresentar menos complicações, Já as cesarianas eles apresentam maiores dificuldades respiratórias, são internados em UTIs neonatal com maior frequência. Quando a cesariana não tem indicação clínica aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para recém-nascidos e triplica o risco de morte da mãe”, garante.

Complicação

Conforme Raquel, a cesária só deve ser indicada quando durante o pré-natal ou no decorrer do parto houver alguma complicação que coloque em risco a vida da mãe ou bebê. “Por isso, o Tocantins do estado é totalmente a favor do parto normal. Inclusive, dentro dos instrumentos de gestão do Governo, o Plano Plurianual (PPA) e a Programação Anual de Saúde (PAS) há atividades com o intuito de aumentar o percentual de partos normais”, destaca.

Para maio deste ano, a técnica salienta que o Executivo pretende instituir, através de aprovação do Legislativo, uma campanha para que o mês seja lembrado como uma campanha, “Maio Vermelho ou Maio do Amor”, que será trabalhado durante os 31 dias a conscientização de reduzir as cesarianas desnecessárias.