Caminhoneiro há 30 anos, Isaías Gonçalves Ribeiro, 51 anos, conta que sempre foi muito exposto aos raios solares, o também está diretamente ligado à sua profissão. Além do mais, ele confessa que não se importava em usar o protetor solar de forma adequada e o resultado da falta de cuidado infelizmente não foi o dos melhores. Há três anos surgiu em seu rosto uma ferida que não cicatriza. A suspeita é que a lesão seja um câncer de pele. “Eu já recebi a notícia de um possível câncer de pele com tranquilidade, não adianta a gente se apavorar”, diz Isaias.

O possível câncer detectado em Ribeiro é um dos vários tipos que podem surgir na cabeça e no pescoço. No Tocantins, existem muitos casos diagnosticados da doença. Segundo o médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço Juliano Borges Mano, 70% a 80% dos casos chegam até ele já em estágio avançado para tratamento no Hospital Geral de Palmas (HGP). Ele explica que esse tipo de comportamento é comum devido à falta de informação e acesso médico, principalmente entre a população de baixa renda. O médico diz que os cânceres nessas partes do corpo são o quinto que mais mata no Brasil.

Segundo levantamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de boca e laringe é hoje o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata, com mais de 18 mil casos diagnosticados anualmente no Brasil. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide.

Consciência

Mas para prevenir a população sobre o mal, todo 27 de julho é celebrado o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. É por isso que durante todo esse mês, a Associação Câncer e Boca (ACBG) Brasil e várias organizações trabalham para conscientizar a sociedade por meio da campanha Julho Verde. A ideia da iniciativa é alertar a população sobre a doença e como o diagnóstico precoce pode salvar a vida do paciente.

Segundo Mano, o mal é genérico e pode atingir vários órgãos. Ele completa que tanto na cabeça como o pescoço podem surgir inúmeros tipos de tumor, a exemplo, na boca, faringe, laringe, pele, glândulas salivares, tireoide, nariz e órbita. “A campanha aborda todos aqueles que acometem os órgãos da cabeça e pescoço, com exceção do sistema nervoso central, como por exemplo, um tumor do cérebro. Isso não é tratado por a gente, mas por um neurologista”, comenta.

Sintomas

Mano observa que o paciente deve ficar atento aos sinais e sintomas da doença. A alerta começa desde uma pequena ferida na boca, faringe ou laringe que, por ventura, não cicatriza dentro de 21 dias. “Além do mais, a pessoa deve ficar atenta a uma rouquidão prolongada, ao aparecimento de um nódulo no pescoço que não melhora ou até mesmo uma ferida de pele que não cicatriza e muda de cor. Através dessas características pode se pensar na possibilidade de câncer de pele. Todos esses fatores devem ser investigados um profissional de saúde, porque o tratamento em estágio avançado deixa muitas sequelas, por isso é importante o diagnostico precoce e um tratamento menos mutilante com menos sequelas”, enfatiza.

Segundo ele há bastantes casos de morte no Estado. Isso por causa do tratamento já realizado em estagio avançado, o qual é realizado com quimioterapia e radioterapia paliativo, nos casos extremamente avançados. “Poucos chegam aos estágios iniciais, geralmente o diagnostico é feito de forma tardia”, lamenta.

Também conforme o especialista, existem vários fatores de risco, como o tabagismo e etilismo. “Sozinho eles já causam e quando estão os dois associados, as chances do desenvolvimento da doença se potencializam cinco vezes mais”, ressalta.

O médico ainda acrescenta que a doença é mais comum nos homens devido ao comportamento social ligado ao fato deles se encaixarem com mais frequência no grupo desses vícios. “A faixa etária do diagnostico é aproximadamente aos 50 anos de idade, porque nessa idade o paciente já fumou e bebeu bastante”, comenta.

Segundo inca, dos cânceres de cabeça e pescoço, o mais comum nos homens é de boca e larinje e nas mulheres o de tireoide