Segundo previsão do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) e do Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos (Nemet/RH), da Universidade Estadual do Tocantins, o período chuvoso no Tocantins, que este ano foi bastante generoso, se estendendo por mais tempo do que o previsto inicialmente, já está no fim. A partir de agora as poucas precipitações que ocorrerem serão pontuais e cada vez mais raras.

É possível sentir desde a semana passada que a temperatura está subindo, já tendo alcançado os 35 graus Celsius. Em ambientes fechados, a sensação térmica pode ser maior. Nos próximos meses os picos de calor ficarão mais intensos e uma série de problemas que foram temporariamente esquecidos durante a estação das chuvas voltarão à tona. Entre esses problemas está a falta de sistemas adequados de ventilação das escolas públicas.

No ano passado, Palmas foi a primeira capital brasileira a chegar aos 40 graus Celsius. Com temperaturas elevadas, estar em ambientes refrigerado é uma necessidade, principalmente em se tratando de escolas, que devem oferecer condições agradáveis para o bom rendimento dos alunos.

No entanto, essa não é a realidade na maioria das unidades educacionais de ensino público de Palmas. Pais de alunos informam que parte dessas escolas funciona diariamente sem condicionadores de ar e nem mesmo ventiladores. De acordo com a funcionária pública Rosileny Alves Bento0, que tem uma filha especial estudante na Escola Municipal Anne Frank, depois de várias promessas em campanha, a Prefeitura de Palmas finalmente comprou os aparelhos de ar-condicionado para instalar nas salas. Porém, o órgão não previu a instalação e o pagamento da conta de energia.

A instalação elétrica da escola precisou passar por adequações para conseguir receber a instalação dos aparelhos. Cansados de ouvirem que não havia recursos disponíveis, os pais resolveram agir. “Foram feitas campanhas para arrecadarmos os recursos para instalações elétricas que precisaram de adequações para atender à nova demanda de energia”, explica Rosileny.

colaboração

O dinheiro arrecadado em eventos, como a festa junina e sorvetada, organizados pela associação dos pais, foi usado para instalação dos aparelhos de ar condicionado nas salas. Concluída essa etapa, os pais foram informados de outros problema: a escola não teria como pagar a conta, que seria bastante onerada com o uso dos aparelhos.

A mãe de alunos explicou que existem apenas duas possibilidades para resolver o problema. Ou a Prefeitura de Palmas aumenta o valor dos repasses para as escolas da rede ou os pais ratearão o valor da conta e pagarão eles próprios. Cada pai ou mãe de aluno se dispôs a contribuir com um valor, que seria algo em torno de R$ 5 para complementar a conta.

vespertino

“No período da manhã o problema do calor é menor, mas no período da tarde é terrível. As crianças sofreram muito porque as salas têm ventiladores, mas não é suficiente para proporcionar condições adequadas para a aprendizagem. O calor dificulta a atenção das crianças e elas também ficam mais cansadas”, lamenta a mãe, lembrando que a escola é referência na educação de crianças com necessidades especiais, que já possuem certa dificuldade de aprendizagem e quando o ambiente se torna insalubre por causa do calor excessivo, esse processo fica ainda mais difícil.

Conselho

De acordo com o presidente do Conselho Escolar da Escola Anne Frank, Marcos Garcia, os ventiladores são ligados diariamente nas salas de aula. Já os aparelhos de ar condicionado não foram ligados ainda neste ano. “A direção da escola não tem como pagar a conta de energia caso sejam ligados. E segundo informação dada ao Conselho Escolar, a unidade está esperando uma resposta da Secretaria Municipal de Educação (Semed) sobre a situação”, acrescenta.

O presidente ainda afirma que foi realizada em março passado uma reunião com a presença de vários pais, professores e toda diretoria da escola. No encontro, ele diz que foram feitas diversas proposições sobre o assunto ventilação e refrigeração das salas de aulas.

Segundo Garcia, na reunião ficou decidido que o conselho em parceria com a diretoria do Anne Frank desenvolveria duas ações. A primeira seria uma visita do Conselho acompanhados da direção à Secretaria Municipal de Educação, para que seja deferido um aditivo de valor para a gestão, ou seja, aumentar o valor do repasse para pagamento da energia elétrica. A segunda seria uma apresentação de um projeto para fornecimento de energia fotovoltaico (energia solar) para deferimento e/ou aquiescência no financiamento da iniciativa”, afirma.

Semed diz que aparelhos só devem ser ligados em caso de necessidade para evitar oneração da fatura de energia