O centro cirúrgico do Hospital Geral de Palmas (HGP) dobrará sua capacidade de atendimento ainda neste semestre. O centro passará das atuais cinco salas de cirurgia para dez. Com isso, outros projetos que já estão sendo planejados para reforçar a realização de cirurgias eletivas poderão ser colocados em prática. Mesmo operando em cincos salas, nos dois primeiros meses deste ano o HGP conseguiu realizar um número recorde de procedimentos cirúrgicos em todas as áreas: 1.436. A informação é do secretário estadual de Saúde, Marcos Musafir. “Vamos triplicar também o tamanho da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, anuncia o secretário, reforçando que, junto com o governador Marcelo Miranda (MDB), tem buscado recursos em todas as fontes disponíveis para garantir ao setor os investimentos necessários.

O secretário diz que toda a equipe trabalha para melhorar o desempenho do hospital e que os resultados apresentados já são dignos de comemoração. “Nós estamos lá dentro do hospital com consultorias do Sírio Libanês, Einstein, Organização Pan-americana de Saúde, Ministério da Saúde, Unicamp, Abrasco, Sobrasil e uma série de outras instituições”, diz Musafir. Ele justifica que essa troca de experiência tem empoderado os profissionais para trabalharem com mais dignidade, dando humanização e qualidade científica e técnica ao procedimentos.

Vistorias

Em relação às constantes vistorias das quais o HGP tem sido alvo por parte da Defensoria Pública Estadual, Musafir diz que acha importante a participação das instituições de fiscalização e controle no cuidado com a saúde pública do Estado. “A gente não maquia o hospital, não finge, não esconde nada. A realidade é essa”, diz o secretário, explicando que quem realiza vistoria tem que ter informações sobre o contexto nacional e local, sobre os avanços que estão sendo obtidos e sobre os problemas que já foram solucionados. Para Musafir, existe um discurso pronto de que a saúde no Tocantins é um caos e que nada funciona. “O Tocantins possui um dos dez melhores serviços de saúde do País”, ressalta.

Como exemplo das vantagens do Tocantins em relação às demais unidades da Federação, Musafir diz que existem em todo o País, conforme documento expedido pelo Conselho Federal de Medicina, 901 mil pessoas esperando por cirurgias eletivas. No Tocantins, são 5.052 em todas as áreas. Ele reconhece que algumas pessoas chegam a esperar até dois anos para conseguir o procedimento.

“Têm vários fatores que levam à espera. Por exemplo, pacientes que têm uma doença e as comorbidades, como a pressão alta, faz com que ele não possa ser operar. Então esse doente vai ter que esperar. Os outros pacientes que estão atrás dele poderiam operar, mas temos medo de furar a fila, de chamar o outro, então esperamos esse paciente melhorar. Não há uma racionalidade. Então estamos trabalhando para mudar isso com a regulação, com consultorias nacionais e internacionais inclusive”, ressalta.

Resultados

O secretário desafia quem defende a ideia de que a saúde é um caos. “Como assim caos? São 1.500 cirurgias realizadas em dois meses. Que caos é esse? Você tem visto falar da falta de medicamento, falta de esparadrapo, falta de luva, falta de material cirúrgico? A gente organizou, equipou com toda a transparência financeira, respeitando os recursos financeiros do cidadão para que não falte nada”, reafirma. Ele anuncia que a Secretaria da Saúde está planejando as compras do último trimestre deste ano e do primeiro trimestre de 2019. “Eu não sei quem vai ganhar a eleição, ou quem vai ser o novo secretário, mas a população não pode ficar sem remédio nessa transição. Isso é a responsabilidade sanitária que cai em cima do gestor”, justifica.

Musafir também não poupa elogias quando se refere à toda sua equipe de profissionais. “Tenho uma equipe fabulosa na secretaria, superintendentes maravilhosos, diretores de hospitais que estão se matando de trabalhar. O Hospital de Augustinópolis, que era da pior qualidade, acabou no Norte do Estado com a fila de bocomaxilo. Em Araguaína são as cirurgias ortopédicas. O hospital de Alvorada está fazendo cirurgias que não eram feitas há 15 anos, tocando todas as cirurgias daquela região. Temos uma rede organizada”, anima-se

Comunicação

Musafir sabe que um dos principais problemas enfrentados nas unidades hospitalares é quanto à falta de comunicação entre médicos e pacientes. Ele entende que muitas vezes os pacientes ficam insatisfeitos e acabam reclamando quando têm cirurgias remarcadas ou canceladas. Ele diz que isso sempre acontece com base em justificativas sérias, mas que nem sempre são apresentadas aos pacientes. “Estamos com um projeto de melhorar a comunicação. Estão vindo jornalistas de São Paulo, do Rio para nos ajudar a melhorar a comunicação interna. A relação médico-paciente, enfermagem-paciente tem suas falhas em qualquer hospital do mundo. A pessoa está sobrecarregada e esquece-se de algumas coisas”, anuncia.

O secretário diz que os mutirões periódicos de cirurgias eletivas ajudam a reduzir as filas de espera. “Fizemos agora o mutirão dos exames a noite. Dos 2.500 exames que estavam no gargalo, já fizemos 2.300. Ressonâncias e tomografias para o Estado inteiro. Sem avisar a ninguém porque isso é a nossa obrigação. E desse total de exames, 60% teve diagnóstico normal”, diz, explica que exames solicitados desnecessariamente prejudicam tanto o sistema quanto o paciente.

Melhorias

Musafir diz que não tem dúvidas de que a pior fase do HGP já passou. Desde que assumiu a pasta, no início de 2016, ele elenca as melhorias que foram feitas e diz que nunca pensou em desistir, apesar de toda a pressão sofrida. Ele cita como exemplo de gestão eficiente a rotatividade das internações. ”No Hospital Infantil, que era 20 dias o tempo médio de internação e hoje é de 4 dias. A internação na UTI do HGP, que era de 18 dias, agora é 5,7. A gente alugava leito de UTI privada sem dinheiro para pagar, ficávamos devendo toda hora, escândalo, tá devendo, tá devendo. Agora não alugamos mais”, celebra.

Ele encerra dizendo que no HGP existe um alto nível de satisfação dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que fica acima dos 80%.