O veterano Wayne Rooney, atualmente no Derby County, time da segunda divisão inglesa, ficou revoltado com a forte pressão das autoridades britânicas para que os jogadores reduzam os seus salários durante a pandemia do novo coronavírus.Ex-capitão da seleção inglesa e ídolo do Manchester United, Rooney escreveu um artigo de opinião no jornal The Sunday Times em que critica veementemente o governo britânico. Segundo o jogador, os atletas são "alvos fáceis"."Eu estou numa posição que me permite largar qualquer coisa, o que não é o caso de todos os futebolistas. E, subitamente, todos são confrontados com um pedido de redução de salários de 30%. Por que os jogadores são os "bodes expiatórios"?" questionou Rooney. "Somos alvos fáceis"."Se o governo me contatar para que ajude financeiramente enfermeiros ou que financie a compra de ventiladores, ficarei orgulhoso de o fazer, enquanto souber para onde vai o dinheiro", sublinhou Rooney.As críticas de Rooney são direcionadas principalmente ao ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, que fez um apelo nesta semana para os jogadores profissionais se juntarem ao "esforço nacional" e reduzirem seus vencimentos no momento em que o país passa por uma crise em razão das medidas restritivas como forma de conter a propagação da covid-19."Como os últimos dias se desenrolaram é uma desgraça. Primeiro o ministro da Saúde, Matt Hancock, disse que os jogadores da Premier League deveriam ter um corte nos salários. Ele deveria estar dando ao país as últimas notícias sobre a maior crise que enfrentamos em nossas vidas", reclamou o veterano de 34 anos. "Será que ele está desesperado para tirar a atenção de como o governo está lidando com essa pandemia?", insinuou.Neste sábado, os jogadores do Campeonato Inglês rejeitaram uma proposta dos clubes para cortar seus salários em 30% durante a pandemia do coronavírus, com o sindicato dos atletas alegando que o governo perderia mais de 200 milhões de libras (mais de R$ 1,312 bilhão) em impostos.Os jogadores da Premier League estão, por enquanto, na contramão da maioria dos atletas das outras ligas europeias, que aceitaram diminuir seus salários. Desde a paralisação dos campeonatos por conta do coronavírus, no início de março, alguns clubes ingleses anunciaram cortes nos vencimentos dos funcionários, casos de Tottenham, Bournemouth, Norwich, Newcastle e o Liverpool. Essas agremiações colocaram seus funcionários em recesso, se aproveitando que o governo decidiu bancar 80% dos salários, até um limite de 2,5 mil libras (aproximadamente R$ 16,4 mil) por mês, em uma iniciativa para evitar demissões.Segundo dados do governo, a Grã-Bretanha registrou até este domingo mais de 48 mil casos de pessoas infectadas pela covid-19, com quase 5 mil mortes.