Com três anos de idade, essa foi a primeira vez que Thyago da Cunha Silva teve seu primeiro contato com a bola sob os olhares atentos da mãe, Karina Cristina Soares. O sangue boleiro já estava na veia do pequeno, a mãe é amante do futebol e chegou a jogar e treinar um clube de futebol de salão em Araguaína, cidade em que a família mora.

Em setembro de 2019, com a supervisão da mãe, os passos de Thyago Cunha, come é conhecido, no mundo da bola cresceram e ele chegou a base do Palmas, um dos times mais organizados do Tocantins, com oito títulos estaduais, sendo três deles conquistados de forma consecutiva nos últimos anos. Com a aprovação no Tricolor, o jovem de Araguaína precisaria mudar para uma cidade de 370 km longe dali. A distância não é das maiores, mas ficar longe dos familiares é uma das primeiras dificuldades para quem sonha em ser um jogador de futebol.

No caso de Thyago, a mãe mudou de cidade junto com o filho e deixou em Araguaína o marido e a filha Milena. Na mudança Karina não ficou apenas com a responsabilidade de cuidar do seu filho, ela ganhou outros. “Eu, ele e mais seis atletas mudamos em 2019. Peguei essa missão em primeiro lugar como mãe, mas também como amante do futebol e ex-treinadora. A gente que é mãe tem o coração gigante. Sabemos das dificuldades que esses meninos enfrentam, então resolvi ir cuidar deles. Foi uma oportunidade muito boa que o Palmas nos deu. Não só para meu filho, mas para outros meninos de Araguaína também. Quando oportunidades assim aparecem a gente agarra. Elas podem ser únicas e servem de porta de entrada para que os sonhos comecem a ser realizados”, explica. Há dois meses Karina resolveu voltar para Araguaína, pois segundo afirma em tom de brincadeira, precisava cuidar também do marido e da filha.

Cabeça no lugar

No mundo da bola, não adianta ser bom. Para ter sucesso no meio de milhares de atletas, o jogador de futebol precisa, além do talento, ter dedicação, paciência e muita vontade. A trajetória também é difícil para os pais, que muitas vezes funcionam como psicólogos dos filhos. Karina conta que procura sempre incentivar o filho a não perder o foco e continuar na luta pelo seu sonho. “Sou muito presente na vida do meu filho como jogador. Ele sonha em ser jogador de futebol, então esse é meu sonho também. Procuro sempre incentivá-lo a não desistir, manter o foco e ter paciência. Mesmo sabendo que ele é muito determinado e focado, estou ali com o suporte para quando ele precisar”, conta a mãe, que muitas vezes fica na beira do campo com o celular em mãos para gravar as jogadas do filho dentro das quatro linhas.

Thyago Cunha está com 18 anos e joga de centroavante. Ele vive o momento de transição entre a base e o profissional. “Sei que é difícil ficar longe da família principalmente em alguns momentos da carreira desses meninos. O Thyago é muito centrado e determinado, mas talvez esse momento de mudança entre a base e o profissional seja o mais delicado que ele vive. Por isso, que mesmo longe, procuro orientá-lo. Sei que o Thyago pode ir além. Ele tem potencial e vai longe”, comenta.