Das areias cariocas para as areias da Praia da Graciosa na temporada de praia em 1997. Quando Palmas ainda era uma “criança” o futevôlei desembarcava na Capital. Já “adulta” e com seus 31 anos a cidade assiste o esporte evoluir e cair no gosto dos palmenses. A modalidade, que é disputada em uma quadra de areia com 9 metros de largura e 18 de comprimento, lembra o vôlei, porém o toque na bola tanto com as mãos, quanto com os braços é proibida. A rede que divide o espaço tem 2,2 metros de altura. Os times podem ser formados por dois, três ou quatro jogadores, isso depende de cada competição.

O Futevôlei é um produto ‘Made in Brazil’, que surgiu no Rio de Janeiro, na década de 1960. O esporte nasce em meados dos anos 60, quando a prática do futebol havia sido proibida nas praias cariocas. A orientação era que qualquer esporte que não utilizasse rede e um espaço seguramente delimitado, não poderia ser praticado naquele local. A partir disso e para não ficar sem jogar seu futebol, algumas pessoas tiveram a brilhante ideia de jogar em uma quadra de vôlei de areia, como explica a educadora física Paula Rondinelli.

“Graças à imaginação de alguns amantes da prática do futebol na areia, decidiram jogar o seu futebol em uma quadra de voleibol de praia, esporte que era permitido. Foi assim que Tatá, Ralph, Luiz Fernando "Tananan", Airton, Adilton Brandão, Orlando "pingo de ouro”, Feitosa, Francês, Carlson Gracie, Zé e Chico Brandão, Betão e Ricardinho Bedram começaram a lapidar essa nova modalidade. Aos poucos, a prática começou a ganhar mais adeptos, que incluía jogadores de peso do futebol de campo brasileiro da época, como Dida e Vavá.”

O esporte cresceu e ganhou o mundo. Nos últimos anos, Palmas viu o número quadras e adeptos do esporte crescer de forma significativa. Entre arenas, praias, parques e quadras residenciais, a Capital conta atualmente com pelo menos dez quadras para prática da modalidade: AABB, Escolinha do Fluminense, Arena Dubai, Riplay, Quadra 303 Sul, Quadra 207 Sul, Quadra 104 Sul, Quadra 1007 Sul, Praia da Graciosa e Parque dos Povos Indígenas.

Para Leonel Augusto, presidente da Federação Tocantinense de Futevôlei (FTFV), os palmenses abraçaram o esporte. “Após um grande evento em 2017, realizado em Palmas, as pessoas passaram a ter mais conhecimento do esporte. Esse foi o primeiro grande contato das pessoas com o esporte na Capital e depois isso só cresceu. Atualmente já conseguimos fazer etapas com muitas duplas, inclusive mistas (formada por um homem e uma mulher). Antes isso não era possível e mostra que o esporte rompeu barreiras”, comenta o presidente, que acredita que os meios digitais têm ajudado muito na divulgação da modalidade.

Questionado sobre o apoio que o esporte recebe por parte do poder público, o presidente comenta que ainda está longe do ideal e que através do setor privado que as competições são realizadas. “Acredito que falta muito apoio governamental, por outro lado, e considero isso um divisor de águas no esporte na Capital, é que termos um grande incentivo por parte da iniciativa privada.”, pontua.

Apoio

Na última etapa do Circuito Tocantinense de Futevôlei deste ano, antes da parada por conta da pandemia do novo coronavírus, foram 104 duplas inscritas e divididas em cinco categorias. Um recorde que mostra a força do esporte. “Antes para ter uma partida de futevôlei em Palmas era bem complicado, reunir oito atletas então, era algo quase impossível. Hoje temos arenas, professores e muitos adeptos, inclusive o público feminino já conquista seu espaço dentro da modalidade”, é o que aponta o empresário Epitácio Brandão, conhecido como Picó, um dos maiores incentivadores do esporte na Capital.

Ele foi um dos responsáveis por trazer, em 2019, o Team Águia Footvolley Cup (TAFC) uma das maiores competições do esporte no País. O torneio contou com premiação de R$ 20 mil e teve participação de campeões mundiais do esporte. Segundo Picó, isso é um dos exemplos que mostra que a Capital tocantinense está no mapa das cidades com os melhores eventos do esporte.

“Já realizamos pelo menos quatro eventos do nível do TAFC em Palmas, essa é uma das maiores competições do Brasil. A Capital está hoje entre as três cidades brasileiras com as melhores premiações em torneios. Já passaram por aqui todos os campeões mundiais e os melhores jogares da modalidade do País. Além de ex-jogadores profissionais de futebol, como Alex Dias e Djalminha.”, comenta.

Benefícios

Além do crescimento das competições na cidade, o esporte exige dos jogadores muito preparo e treinos, o que pode trazer benefícios para saúde física e mental. O advogado Sérgio Barbosa, praticante do futevôlei e sempre nas disputas dos torneios, acredita que o esporte só traz benefícios.

“Nos dois últimos anos o futevôlei na Capital teve um grande crescimento. É uma prática boa para saúde e interação social. Acho o futevôlei um esporte apaixonante, atraindo não somente os jogadores, mas também seus familiares e amigos. Nossa Capital também tem as condições perfeitas para a prática do esporte. Além do clima, temos a maravilha do lago e podemos praticar o esporte em alguns lugares como a Praia da Graciosa, por exemplo.”

Em 2020, o Circuito Tocantinense de Futevôlei realizou duas etapas, mas devido a pandemia o restante da temporada ainda é incerto. Em 2019, Palmas recebeu todas as etapas da competição e este ano receberá a maioria delas.