O estádio Education City (Cidade da Educação), em Doha, no Qatar, recebeu sua primeira partida do Mundial de Clubes de 2020 nesta quinta-feira (4), com a vitória por 1 a 0 do Al Ahly (EGI) sobre o Al Duhail (QAT).Ele será palco ainda da estreia do Palmeiras no torneio, domingo (7), da disputa de terceiro lugar e da final, ambas na próxima quinta (11).O local, construído para a Copa do Mundo de 2022, é dotado de um sistema de refrigeração chamado de revolucionário pelos organizadores, em que cada espectador tem uma espécie de "bolha" de ar fresco exclusiva ao seu redor.“O estádio vai gerar a energia necessária de acordo com cada setor e com o número de torcedores presentes. A temperatura naturalmente não é a mesma em todos os lados. Então, o sistema vai bombear o ar gelado na quantidade exata. E tudo será reciclado. A refrigeração vai sair por baixo de cada assento e depois será reutilizada por um sistema de tubulação", disse Saud Adbul Ghani, em conversa com jornalistas no fim de 2019. Na ocasião, a reportagem visitou o estádio.Engenheiro mecânico e professor na Universidade do Qatar, o sudanês é o idealizador dos sistemas de refrigeração nas arenas construídas para a Copa de 2022. Talvez nem haja necessidade de usá-los neste Mundial (com público de até 30% da capacidade dos estádios) ou no torneio do próximo ano, marcado para novembro e dezembro, inverno no país.A temperatura máxima prevista para os próximos dias no Qatar é de 26°C. Já no verão, quando ela pode passar dos 50°C, a refrigeração será fundamental. Embaixo de cada assento do Education City há uma saída de ventilação.Em testes preliminares, Ghani, apelidado de Doctor Cool (um trocadilho porque a palavra significa tanto "fresco" quanto "legal" em inglês), diz que tudo funcionou bem. Se der certo, o sistema será utilizado também ao ar livre nas ruas de Lusail, cidade construída a partir do zero pelo governo qatari e que será sede das partidas de abertura e final da Copa do Mundo."Trata-se de equilibrar ar quente do ambiente com o ar frio que sai da tubulação do estádio. O quente sobe, o frio desce. Assim regulamos a temperatura, que pode ficar até em 7º C, embora não tenhamos a intenção de chegar a tanto", afirma.O sistema de refrigeração armazena água dos períodos de chuva e a deixa gelada em um tanque. Quando o ar quente passa por ela, se torna frio.O Education City deveria ter sido utilizado no Mundial de Clubes de 2019, decidido por Liverpool e Flamengo no Khalifa International, mas não ficou pronto a tempo. O nome da arena vem do fato de ela estar cercada por universidades e ser parte central do plano qatari de formar novos atletas em diferentes esportes.Sua capacidade é de 40 mil pessoas, mas após a Copa de 2022 ela será reduzida para 20 mil. Assim como acontecerá com o estádio Ahmad Bin Ali Stadium, também sede do Mundial de Clubes de 2020 e da Copa do Mundo.A partir de janeiro de 2023, 7 das 8 arenas construídas ou reformadas terão suas capacidades reduzidas. Quase todas pela metade. A única exceção será o Khalifa International, considerada uma espécie de casa oficial do esporte no Qatar.O Ahmad Bin Ali foi erguido em Al Rayyan, a 12 km de Doha, e reproduz na fachada símbolos da história do Qatar. Também tem sistema de refrigeração semelhante ao do Education City.A arena substituiu o Ahmed bin Ali, casa do Al Rayyan SC, sete vezes campeão nacional e única equipe da história do país a ter conquistado a liga apesar de ter sofrido mais gols (18) do que marcado (15), em 1984.Quando parte das arquibancadas for desmontada e a capacidade reduzida pela metade no Education City e no Ahmad bin Ali, o material retirado será doado, promete a organização, a países em desenvolvimento que tenham projetos esportivos. O mesmo deve acontecer com outras obras encomendadas para a Copa do Mundo.