Pivô de uma grande polêmica nesta semana, a sul-africana Caster Semenya, de 28 anos, venceu nesta sexta-feira a prova dos 800 metros, a sua favorita, da etapa de Doha, no Catar, que abre a temporada de 2019 da Diamond League. Ela cruzou a linha de chegada em 1min54s98, com vantagem tranquila sobre as concorrentes. A segunda colocada, Francine Niyonsaba (Burundi), completou em 1min57s75 e a norte-americana Ajee Wilson foi a terceira com 1min58s83.

Esta pode ter sido a despedida de Semenya, bicampeã olímpica nos 800 metros, por causa de uma decisão da Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) divulgada na última quarta-feira. O tribunal manteve o entendimento da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo, na sigla em inglês) de que mulheres com níveis elevados de testosterona não poderão participar das disputas de 400 a 1.500 metros.

Para essas provas de meia distância, ficou estabelecido um limite de 5 nanomols de testosterona por litro de sangue. Mas Semenya, por uma condição endócrina chamada hiperandrogenismo, produz naturalmente o hormônio em excesso. Ela deverá tomar medicamentos para reduzir os seus níveis de testosterona se quiser competir entre as mulheres.

Após vencer em Doha, Semenya foi categórica ao dizer que não utilizará qualquer tipo de medicamento. "Não. Mas não deixarei o atletismo", disse a sul-africana. "É mais do que um esporte, é sobre a dignidade humana, orgulho humano. A corrida foi fantástica e eu fiz o que tinha que fazer, estou muito feliz, acho que estou neste mundo por uma razão", completou. Ele pode competir nesta sexta-feira porque o veto só é válido a partir da próxima quarta.

A marca obtida por Semenya em Doha nesta sexta-feira foi melhor do que a registrada por ela em seus triunfos nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 (1min55s28) e no Mundial de 2017 (1min55s16), em Londres. Ficou acima, porém, do melhor tempo obtido pela corredora na temporada passada (1min54s25).

BRASILEIROS - O Brasil foi representado por dois atletas na competição, que distribui US$ 8 milhões (R$ 31,5 milhões) em prêmios no final da temporada. O campeão olímpico Thiago Braz ficou em segundo lugar no salto com vara e Darlan Romani foi o terceiro no arremesso do peso.

Dono do recorde olímpico do salto com vara com 6,03 metros, obtidos na conquista do ouro nos Jogos do Rio-2016, Thiago Braz garantiu a prata com 5,71 metros, seu melhor resultado ao ar livre neste ano, ratificando índices para os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, e para o Mundial de Doha. O campeão da prova foi o norte-americano Sam Kendricks, ouro no Mundial de Londres-2017 e bronze no Rio-2016, com 5,80 metros (ainda tentou 5,85 metros). O bronze foi para o japonês Seito Yamamoto, com 5,61 metros.

"Ele poderia ter feito um pouco mais, as tentativas de 4,80 metros não foram boas. Mas ele está treinando muito bem e foi a primeira vez em que colocamos 18 passadas na corrida na temporada. E tem os fusos horários - Chula Vista (EUA), Brasil e Doha - e ele estava um pouco cansado. Mas a marca confirma o índice do Mundial e o trabalho segue para acertos da técnica e para manter o nível que ele tem", afirmou o técnico Elson Miranda.

No arremesso do peso, Darlan Romani voltou a mostrar muita regularidade terminando em terceiro lugar, com 21,60 metros, marca obtida na quarta tentativa. O recordista sul-americano e campeão da Copa Continental de 2018 só foi superado pelo norte-americano Ryan Crouser, campeão olímpico no Rio-2016, com 22,13 metros, e o neozelandês Tomas Walsh, campeão mundial em Londres-2017, com 22,06m.

O catarinense também ratificou qualificação para o Pan de Lima e para o Mundial de Doha. "A regularidade é uma meta importante, assim como arremessar sempre acima dos 21 metros", comentou o atleta de 28 anos.