A seleção brasileira de Tite não para e já consegue enxergar a Rússia mais de perto. Contra uma atmosfera de grande apoio ao Uruguai, o Brasil ignorou tudo para golear no Estádio Centenário por 4 a 1, nesta quinta-feira (23), em Montevidéu. De virada, após vacilo de Marcelo, os brasileiros jogaram com autoridade e venceram em três gols de Paulinho e um terceiro, uma pintura, anotado por Neymar. Cavani havia aberto o marcador.

A sétima vitória com Tite em sete jogos pelas Eliminatórias representou a quebra da invencibilidade do Uruguai como mandante na competição e uma marca inédita para o Brasil: jamais, em toda sua história, havia somado sete triunfos seguidos na qualificatória da Copa do Mundo. O máximo, em 1969, tinha ocorrido sob o comando de João Saldanha.

Com os três pontos somados, o Brasil chegou a 30 pontos e abriu larga vantagem na liderança. Para Tite, baseado no histórico das Eliminatórias com 10 seleções, essa pontuação assegura a classificação brasileira para o Mundial da Rússia, em 2018. Porém, com cinco rodadas a serem jogadas e, portanto, 15 pontos em disputa, ainda não dá para cravar a vaga.

O jogo
Paulinho, volante do Guangzhou Evergrande, justificou novamente sua presença na equipe. Autor de gol contra a Argentina, foi o mais decisivo no Centenário. Um chute de rara felicidade, no ângulo da meta defendida por Silva, tirou o Brasil do sufoco. Outro, a seu estilo, no rebote na grande área, decretou a virada. E mais um, no final, de peito, fechou o caixão uruguaio. Os uruguaios voltam a ser batidos pelo oportunismo de Paulinho. Na Copa das Confederações, em 2013, ele havia marcado o gol da classificação brasileira na semifinal do torneio.

Um dos destaques da era Tite, o lateral Marcelo teve jornada infeliz. Com excesso de autoconfiança, errou um recuo de peito para Alisson, que cometeu pênalti em Cavani. Na etapa final, o lateral ainda errou posicionamento defensivo e acabou levando amarelo por falta no contragolpe uruguaio.

Quando o Uruguai, com desvantagem de 2 a 1, deixou espaços, o Brasil deu o golpe fatal em grande estilo. Depois de um chutão de Miranda, Neymar ganhou de Coates na velocidade e tocou por cobertura sobre Martín Silva. Foi o gol 51 com a camisa brasileira e o primeiro da vida dele contra o Uruguai como adulto.

O Brasil ainda não havia saído atrás do marcador sob o comando do novo técnico, o que ocorreu em vacilo grande de Marcelo quando a equipe construía oportunidades. E, sem problemas, assim seguiu depois de Cavani abrir o placar. Com a frieza que o treinador sempre pede nos jogos desse tamanho, igualou e virou com Paulinho. Um detalhe: Tite havia pedido muito aos jogadores para arriscarem de longe.
Com duas linhas de quatro e dois atacantes à frente, Óscar Tabárez percebeu que o Brasil criava muito às costas de seus volantes e mudou o posicionamento. Rolán saiu do ataque e foi jogar pelo lado direito, Sánchez virou meio-campista e Arévalo Rios foi recuado, para um 4-1-4-1. Não resolveu muito, pois a equipe de Tite viveu mais um dia daqueles e criou oportunidades em excesso. O treinador segue sem vencer o Brasil em mais de 10 anos.

Uma falta por trás em Gastón Silva no segundo tempo retirou o lateral direito brasileiro do jogo em São Paulo, contra o Paraguai. Com isso, Fagner terá sua grande prova de fogo na Arena Corinthians, onde já está mais que habituado a atuar. Recentemente, Tite esteve na Espanha para analisar Mariano, do Sevilla, como possível convocado. Para terça-feira, porém, poderá chamar um atleta do futebol nacional.

URUGUAI
Martín Silva; Maxi Pereira, Coates, Godín e Gastón Silva; Carlos Sánchez (Abel Hernández), Vecino, Arévalo Rios e Cristian Rodríguez; Rolan (Stuani) e Cavani. T.: Óscar Tabárez

BRASIL
Alisson; Dani Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro; Coutinho (Willian), Paulinho, Renato Augusto (Fernandinho) e Neymar; Roberto Firmino (Diego Souza). T.: Tite.

Estádio: Centenário, em Montevidéu
Árbitro: Patrício Loustau (Argentina)
Cartões amarelos: Maxi Pereira, Coates, Godín, Casemiro, Marcelo, Dani Alves
Gols: Cavani, aos 9min, Paulinho, aos 18min do primeiro tempo, e Paulinho, aos 7min, Neymar, aos 29min, e Paulinho, aos 47min do segundo tempo