Feministas de Goiás, do Tocantins, Acre, Amazonas, Rio de Janeiro e de Londres, representando mais de 20 coletivos de mulheres, se reuniram virtualmente, no último final de semana, para discutirem a contratação do goleiro Bruno, acusado de matar a ex-companheira Eliza Samudio, pelo time tocantinense de Araguacema, o Araguacema Futebol Clube.Segundo o Coletivo Feminista do Tocantins, iInúmeras ações estão sendo planejadas com o objetivo de pressionar o clube e empresários a desistirem da contratação do goleiro, por entender que a sua volta ao futebol, esporte de maior referência no Brasil, reforça conceitos machistas e naturaliza o crime bárbaro, como foi o assassinato de Eliza Samudio, mãe de seu filho, que foi morta com requintes de crueldade e teve seu corpo esquartejado e jogados aos cães, pelos comparsas e cúmplices, a mando do goleiro Bruno. “Os atletas de futebol no nosso país são ídolos, servem de referência para crianças e jovens que sonham em ter uma carreira de sucesso no esporte. Aceitar a volta de Bruno é naturalizar e banalizar o feminicídio cometido por ele. Esta é a opinião unânime das mulheres que estão à frente do levante contra o feminicídio”.Entre as ações previstas pelas representantes dos coletivos estão a produção de um vídeo e peças publicitárias para circulação nas redes sociais – facebook, instagram, whatsapp -; apoio ao coletivo de mulheres de Araguacema; publicação de um manifesto com o lema “Feminicida não merece torcida”, para coleta de abaixo assinados; organização de lives por todo o país; articulação de apoio com autoridades e personalidades públicas; incentivo e publicação de experiências de marketing positivo que se posicionaram contra a contratação de jogadores com histórico de violências contra as mulheres; incentivo de atos presenciais e virtuais que tratem das pautas prioritárias do movimento; identificação patrocinadores e articulação do movimento de constrangimento e pressão junto aos patrocinadores; tomar medidas de proteção às mulheres de Araguacema, que são contra a contratação do goleiro Bruno e a garantiado protagonismo delas no município e região. Está prevista para quarta-feira (07), às 20 horas, uma reunião virtual pelo Google-meet , cuja organização está a cargo do Levante Feminista contra o Feminicídio, de Palmas.O coletivo lembra que não é a primeira vez que o goleiro Bruno tenta voltar ao futebol. Em 2017, ainda no regime semiaberto, tentou retornar, através do time mineiro Boa Esporte; também através do Operário de Várzea Grande, do Mato Grosso; do Fluminense de Feira, da Bahia e o Tupi de Minas Gerais. “Todas tentativas se esbarraram no seu passado de feminicida”, completa.Para o coletivo, as feministas entendem que ele tem direito de ressocializar sim, mas longe do futebol, que é um esporte de referência para a torcida, para crianças e jovens. “Não é possível que um feminicida, com claro perfil de psicopata, sirva de mau exemplo para milhares de crianças e jovens. Além do mais, Araguacema é uma linda e bucólica cidade, com as mais belas praias do Araguaia, sendo forte referência turística do Tocantins. Não deve ter o seu nome manchado com a contratação de um feminicida”, afirma um trecho de um texto enviado pelo grupo de mulheres.