Um grupo de quatro ciclistas puxado pelo aventureiro Leonardo Carlos da Silva Oliveira, 32 anos, se reuniu no distrito de Taquaruçu, em Palmas, no último fim de semana e partiu rumo a São Félix do Tocantins na manhã desta segunda-feira, 15, de onde iniciam na terça-feira, 16, uma expedição sobre bikes. 

O roteiro da expedição é formado por três municípios do Parque Estadual do Jalapão, atrativo que completou 23 anos de criação na última sexta-feira, 12. Os atrativos turísticos da região e seu percurso desafiador serão palco da terceira expedição sobre duas rodas, realizada por Leonardo Oliveira, conhecido como Léo, entre amigos e familiares. 

O grupo composto por quatro ciclistas e quatro membros da equipe de apoio se reuniu no fim de semana, em Taquaruçu, em preparação para o início da expedição.

Gracimar Rodrigues de Souza, 51, também goiana, Sidnei José Shinzato, 59, do Distrito Federal e Marcelo de Oliveira, 53, de São Paulo, completam a equipe sobre rodas. 

Nesta expedição, Leo explica que além do número reduzido de ciclistas na expedição, haverá também um percurso diferente das edições passadas, em 2021 e 2022. 

"Essa expedição é um pouco diferente das outras, porque a gente vai fazer o percurso ao contrário. Nas outras a gente ia de Ponte Alta e finalizava em São Félix, dessa vez a gente vai por São Félix e finaliza em Ponte Alta. E também a gente vai acampar, coisa que não fizemos nas outras expedições", explicou o ciclista.

No roteiro do trajeto consta saída do município de São Félix do Tocantins. O destino é a cidade de Mateiros, um percurso com cerca de 80 quilômetros para finalizar o primeiro dia de pedal. No segundo, a equipe percorrerá 45 quilômetros até a região da Prainha Rio Novo, ainda em Mateiros.

O destino do segundo dia é se destacar entre as opções de paradas no Jalapão pelas suas águas claras e calmas, além de um longo trecho de areia branca. De lá, no terceiro dia de estrada, a equipe segue por cerca de 60 quilômetros, onde pernoitam em um acampamento, que será a novidade da expedição. 

No quarto e último dia de trajeto, a equipe segue por 60 quilômetros rumo ao município de Ponte Alta do Tocantins, onde encerram a expedição. 

Ao JTo, o ciclista contou que a ideia para a expedição surgiu da vontade de compartilhar com outros ciclistas, com seus seguidores, o sentimento e os desafios encarados em suas aventuras. 

"Eu estava querendo fazer com que meus seguidores, ou pelo menos parte deles, desfrutassem, vivesse um pouco daquilo que eu vivo quando eu pedalo. E uma dessas maneiras que eu encontrei foi de fazer as expedições".

De recepcionista de hotel a recordista mundial

Tudo começou com a ideia de comprar uma bicicleta em São Paulo, onde acompanhava a mãe durante tratamento de saúde, em agosto de 2018. O objetivo era sair e pedalar até o estado vizinho, Rio de Janeiro. 

O destino acabou ficando mais longo com o prolongar da viagem, e surgiu a primeira aventura na qual o ciclista percorreu todas as capitais brasileiras. “Comprei essa bike com o intuito de dar uma volta no sentido Rio de Janeiro e essa volta acabou estendida até o Espírito Santo, depois eu estendi até Belo Horizonte, Goiás e aí por fim eu acabei fazendo as 27 capitais do Brasil. Essa foi a minha primeira grande aventura”, lembrou.

Com uma bicicleta improvisada, com mochilas de apoio, baldes e canos PVC, tudo era meio improvisado no princípio. Depois da volta pelas capitais, a única certeza era de que não voltaria mais para a rotina tradicional que levava. E depois disso começaram a surgir os reconhecimentos e parcerias. 

“Eu vi que eu não ia voltar mais, não me encaixava mais nessa vida tradicional assim. Eu continuei andando de bicicleta, depois eu fui do Brasil até o México, fui e voltei, ainda na magia. E depois os reconhecimentos começaram a aparecer. As empresas me apoiaram, as pessoas me seguiam. E hoje em dia eu faço disso o meu trabalho, graças a Deus.

No início, as aventuras não contavam com apoio ou companhias. A mãe do ciclista sempre o acompanhou à distância, pelas redes sociais, apreensiva com o perigo que naturalmente existe. Por volta de 2022, Maria de Jesus da Silva, 51 anos, começou a acompanhá-lo e a preocupação diminuiu. 

“Melhorou e muito. É porque antes eu tipo, eu ficava preocupada, e não estava vendo aquilo pessoalmente, imaginava uma coisa e era outra. E hoje eu estou vendo ao vivo, eu sei que não é aquilo que eu pensava antes, toda aquela preocupação intensificada que eu sentia a distância”, explicou a mãe e integrante da equipe de apoio do ciclista. 

Pedalando pelo mundo

Léo passou a ter sua vida marcada por aventuras sobre duas rodas, como a expedição solo do ponto mais ao norte do país, Monte Caburaí, em Roraima, na fronteira com a Guiana até o Arroio Chuí, um curso d'água localizado na fronteira entre o Brasil e Uruguai. Foram mais de 10 mil quilômetros em 44 dias. 

O ciclista encarou desafios como a densa floresta amazônica, estradas precárias, calor e vento no nordeste, além de chuvas intensas e frio extremo no sul do país. 

Em outro projeto, no ano passado, motivo pelo qual a equipe não realizou a expedição no Jalapão, Leo percorreu mais de 22 mil quilômetros em 95 dias, ao sair do Alasca, nos Estados Unidos da América, pedalar por países da América Central, até chegar no Brasil, percorrer a Bolívia, a Argentina e encerrar na ponta da América do Sul, em Ushuaia, cidade turística da Argentina.

O desafio Alasca Terra de Fogo, que contou com apoio e incentivo de parceiros, encerrou no dia 2 de setembro de 2023, quando na época, Léo comentou ter sido “o maior desafio de bicicleta da minha vida até então”.

Foram 22.434,79 km pedalados em 95 dias 16 horas e 57 minutos com uma média diária de 236,15 km. Com o feito, o ciclista superou o recorde anterior, sem suporte, em 2 dias, 4 horas e 12 minutos, que era do alemão Jonas Deichman, de novembro de 2018. 

Durante o desafio, cruzou 15 países, fusos horários diferentes a passou por todas as zonas climáticas do planeta, e com isso conquistou o novo recorde mundial de mais rápida travessia de bicicleta do extremo norte da América até o extremo sul.