A seleção brasileira jogou nesta quinta-feira (10) pela primeira vez no Mineirão desde a fatídica derrota por 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo de 2014, mas não deixou que qualquer fantasma a atrapalhasse e obteve uma vitória fácil sobre a Argentina por 3 a 0 pelas Eliminatórias para o Mundial de 2018, na Rússia.

O equilíbrio no Superclássico das Américas durou pouco mais de 20 minutos, tempo necessário para que a seleção pentacampeã criasse uma boa jogada e fizesse 1 a 0, com um belo gol de Philippe Coutinho. Neymar ampliou ainda antes do intervalo, e Paulinho fechou a conta na etapa final.

A vitória, a quinta em cinco partidas sob o comando do técnico Tite, nem de longe apagou o 7 a 1, mas fez com que o Brasil se mantivesse na liderança da classificatória sul-americana, com 24 pontos, um a mais que o Uruguai, que também hoje derrotou o Equador por 2 a 1 em Montevidéu.

Já a Argentina vive situação dramática, já que continua na sexta colocação, fora da zona de classificação, com 16 pontos. Equador, em quarto, e Chile, em quinto, têm 17 cada.

As duas equipes voltarão a campo na próxima terça-feira. Tite e seus comandandos enfrentarão a seleção peruana em Lima, enquanto a bicampeã mundial medirá forças com a Colômbia como mandante, em San Juan.

A seleção brasileira teve apenas um desfalque, o volante Casemiro, machucado. Marcelo, que não pôde enfrentar Bolívia e Venezuela, voltou e ganhou a disputa com Filipe Luis na lateral esquerda, enquanto no ataque Tite optou por um trio formado por Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus, deixando Douglas Costa no banco.

Outra novidade foi a braçadeira de capitão, que pela primeira vez na 'Era Tite' teve um dono repetido. O técnico vinha promovendo um rodízio, mas Daniel Alves voltou a usá-la e vestindo a camisa 4, como homenagem a Carlos Alberto Torres, capitão do tri, morto no último dia 25. Os brasileiros atuaram com uma faixa preta, em sinal de luto.

Na Argentina, o técnico Edgardo Bauza, ex-São Paulo, optou pelo 4-4-2, com três volantes e liberdade para Di María, Messi e Higuaín. O lateral-direito Buffarini, que defende o Tricolor paulista, e o atacante Pratto, do Atlético-MG, ficaram no banco.

O jogo começou muito pegado e com quase nenhuma jogada de ataque. Quem ia se destacando - negativamente - era o árbitro chileno Julio Bascuñán, que mostrou cartão amarelo para Fernandinho em falta duvidosa, logo aos seis minutos. Pouco depois, aos 13, Mascherano cometeu infração mais dura, mas não foi advertido.

O primeiro lance de maior perigo foi do ataque argentino, em tabela entre Pérez e Di María, aos 18 minutos. O volante do Valencia armou o chute, mas foi travado por Miranda.

O Brasil até atacava, mas quem incomodava mais era a rival. Aos 22, Messi dominou no fundo pela direita e acionou Biglia, que pegou firme de fora da área e ia acertando o ângulo, mas Alisson "voou" e espalmou.

Faltava uma jogada mais caprichada para que o a seleção pentacampeão demonstrasse que o domínio não era apenas territorial. Ela aconteceu aos 25 e teve o melhor desfecho possível: o gol. Coutinho dominou na esquerda, carregou para o meio e soltou uma bomba no canto esquerdo, sem dar qualquer possibilidade de defesa para Romero.

A marcação do Brasil funcionava, e a 'Albiceleste' era obrigada a tentar de longe. Aos 33 minutos, Pérez chutou da meia direita, e Alisson até saltou, mas a bola saiu à direita do alvo. Dois minutos depois, os donos da casa erraram na saída de jogo, Messi dominou e sofreu falta. O próprio camisa 10 cobrou e carimbou Neymar na barreira.

Na sequência, o próprio Neymar puxou contra-ataque pela direita, invadiu a área, passou pela marcação de Mas e Mascherano e chutou buscando o cantinho, mas a bola beijou o pé da trave e saiu. A resposta dos bicampeões mundiais foi dada aos 41, justamente com Más, que recebeu de Di María e bateu cruzado rente ao poste.

Sumido na partida até então, Gabriel Jesus precisou de apenas um toque para se destacar. Aos 45 minutos, o atacante do Palmeiras dominou na meia esquerda e enfiou para Neymar, que carregou e tocou rasteiro na saída de Romero e fez 2 a 0.

A Argentina voltou do vestiário mais ofensiva, com Agüero em lugar de Pérez. A substituição de Bauza alterou a dinâmica do clássico, já que os visitantes atacavam mais, mais davam espaço para o contragolpe.

Logo aos dois minutos, Neymar acelerou e tentou retribuir o presente a Gabriel Jesus, mas o camisa 9 concluiu para fora. Na sequência, aos quatro, Mascherano teve liberdade na direita e cruzou por baixo, mas Alisson caiu e segurou.

Aos nove minutos, Jesus atacou de garçom mais uma vez e agora serviu Paulinho, que driblou Romero e teve tudo para marcar o terceiro, mas Zabaleta cortou em cima da linha.

Porém, aos 13, o volante do Guangzhou Evergrande teve uma segunda chance e não a desperdiçou. Marcelo cruzou da esquerda, a defesa não cortou, e Renato Augusto ficou com a sobra. O meia se esforçou para evitar que a bola saísse e tocou para trás até Paulinho, que finalizou para a rede.

Com o passar do tempo, o duelo ficou mais acirrado. Funes Mori e Otamendi receberam cartões amarelos, e alguns jogadores se estranharam, como Coutinho e Mascherano. Aos 24, Miranda derrubou Agüero, e Messi teve outra falta perigosa para bater, mas entregou nas mãos de Alisson.

Foi, incrivelmente, a penúltima ameaça à defesa da seleção da casa, que a partir de então, embalada por gritos de "olé", administrou o resultado e ainda desperdiçou algumas oportunidades para construir um placar maior.

Aos 31 minutos, Jesus pegou sobra após tentativa de Neymar, deu um chapéu em Funes Mori na área e sofreu falta, mas o árbitro não assinalou o pênalti. Pouco depois, aos 34, Neymar driblou o goleiro, mas não teve dificuldades para concluir e saiu com bola e tudo.

Desaparecido durante quase todo o segundo tempo, Messi ressurgiu aos 45 minutos. O melhor do mundo na última eleição da Fifa arrancou e encarou a marcação de Thiago Silva, que entrara pouco antes na vaga de Miranda e bloqueou o chute cruzado do jogador do Barcelona.

Ficha técnica:.

Brasil: Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda (Thiago Silva) e Marcelo; Fernandinho, Paulinho e Renato Augusto; Philippe Coutinho (Douglas Costa), Neymar e Gabriel Jesus (Roberto Firmino). Técnico: Tite.

Argentina: Romero; Zabaleta, Otamendi, Funes Mori e Mas; Mascherano, Biglia, Pérez (Agüero) e Di María (Correa); Messi e Higuaín. Técnico: Edgardo Bauza.

Árbitro: Julio Bascuñán (Chile), auxiliado pelos compatriotas Christian Schiemann e Marcelo Barraza.

Cartões amarelos: Fernandinho e Marcelo (Brasil); Funes Mori, Otamendi e Biglia (Argentina).

Gols: Philippe Coutinho, Neymar e Paulinho (Brasil).

Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte.