A Fifa lançou uma plataforma digital, em inglês, que faz uma radiografia do futebol profissional nas seis confederações a ela filiadas, nos cinco continentes.Essas confederações são Uefa (Europa), Conmebol (América do Sul), Concacaf (Américas Central e do Norte e Caribe), AFC (Ásia), CAF (África) e OFC (Oceania)Segundo a entidade máxima do futebol, o objetivo da ferramenta, “criada para toda a comunidade do futebol a fim de monitorar o profissionalismo no futebol” e batizada de Professional Football Landscape (Panorama do Futebol Profissional), é proporcionar um “panorama visual detalhado” do esporte mais popular do planeta.O Brasil é o país que tem, disparado, mais clubes profissionais. São 656, ou 15% do total (4.415). Na sequência estão México (245), Turquia (126), Argentina (124) e Itália (100).O “país do futebol” é também o único a ter mais de 10 mil jogadores no profissionalismo: 10.694 (7,8% dos quase 130 mil). Na segunda posição figura o México, com 9.223. Inglaterra (5.368), Espanha (5.335) e Turquia (3.693) completam o top 5.O número do Brasil supera a soma dos outros nove países (Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela) que integram a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol): 10.622 jogadores.A plataforma da Fifa traz outras dezenas de informações referentes às 211 federações nacionais associadas à entidade, como transferências, calendário, relações trabalhistas, licenciamentos e negociação de contratos de TV.O ano do futebol profissional no Brasil vai de fevereiro a dezembro. Em 2021, porém, devido à pandemia de coronavírus, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) agendou jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil para janeiro.Na Europa, os países com as ligas mais fortes realizam suas competições de agosto (ou julho, ou setembro) até junho.Na área “Transferências” da plataforma, descobre-se uma curiosidade: o Benin tem a maior “janela” (período em que se pode negociar jogadores com outros países) de todas, 178 dias por ano (quase seis meses), e a Somália, a menor, só 13 dias. Os dois países são africanos.Essa mesma área, contudo, tem problemas nos gráficos que exibem a chegada e a saída de jogadores, bem como nos valores das transações.Uma das seções traz o título “Transferências – % de países pelo número total de clubes profissionais”. Na subseção “Volume total”, constam 27% de “entradas” e 12% de “saídas” em países com “zero” times profissionais, o que é impossível dentro do universo da pesquisa.Já a subseção que apresenta a quantidade de dinheiro (em dólares) envolvendo as negociações, além do mesmo problema da subseção vizinha, não informa o período de apuração, sendo que a data de início e de término das transferências são vitais para o entendimento.Assim, esses campos visuais são no mínimo confusos e precisam ser refeitos e/ou aperfeiçoados, de forma que os consultantes possam rapidamente compreendê-los e interpretá-los.O mecanismo desenvolvido pela Fifa permite que se saiba a porcentagem de jogadores nacionais ou estrangeiros que atuam em cada país, revelando diferenças significativas.Por exemplo: no Brasil, 90% dos futebolistas no principal campeonato são brasileiros. Na Inglaterra, corriqueira importadora de pé de obra, só 39% são ingleses –ou seja, de cada dez jogadores, seis são estrangeiros.A plataforma apresenta também as regulamentações sobre o limite de atletas por clube e o número máximo de estrangeiros permitidos em cada elenco.No Brasil são, respectivamente, 50 e 5. Na Inglaterra, 25 e 18. Na Argentina, “sem limite” e 6. Em Portugal, 27 e “sem limite” –um clube, se quiser, pode ter só estrangeiros no plantel.Todos os dados relatados referem-se ao futebol praticado pelos homens. Apesar de haver um ícone na página que direciona o leitor ao “futebol feminino”, o conteúdo nesse espaço é escasso.Diz a Fifa que “nas próximas semanas, todos os membros associados terão acesso à plataforma, podendo fazer atualizações tanto no futebol masculino como no feminino regularmente”.A Fifa não reportou a origem das informações que abasteceram sua plataforma, e deve haver algumas discrepâncias com as das federações nacionais.No caso do Brasil, a CBF publicou, no começo de 2019, que eram 742 os clubes profissionais no país, número 13% superior ao apresentado pela Fifa.