-Imagem (1.2187172)Atualizada às 17h47 do dia 25/01/2021A aeronave que caiu com quatro jogadores do Palmas Futebol e Regatas, o presidente do clube e o piloto da aeronave em Porto Nacional, no Tocantins, neste domingo (24), já se envolveu em outro acidente em 2014, depois que o piloto esqueceu de acionar o trem de pouso da aeronave no momento da aterrissagem. Entretanto, não é possível dizer que o acidente ocorrido há sete anos teve influência na queda deste domingo, que resultou na morte das seis pessoas que estavam no avião.De acordo com relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), da Força Aérea Brasileira (FAB), o acidente ocorreu no dia 17 de agosto de 2014. Na data, o avião decolou do Aeródromo Piquet para o Aeródromo Botelho, ambos em Brasília, com um piloto a bordo, para realizar treinamento de tráfego visual.O relatório afirma que a aeronave ficou danificada. “Durante o primeiro circuito de tráfego para pouso na cabeceira 14 de SIQE, o piloto esqueceu-se de comandar o trem de pouso para a posição em baixo (DN), vindo a realizar uma aterrissagem com o trem de pouso na posição em cima (UP). A aeronave teve danos substanciais nas hélices, motores e parte inferior da fuselagem. O piloto saiu ileso”, descreve o documento.O professor de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Raul Francé, explica que o acidente teria “embigodado as hélices”. “Isso afeta diretamente o motor porque essas hélices estão acomodadas na frente de um eixo que passa dentro do motor”, esclarece. Entretanto, de acordo com ele, não é possível dizer com certeza se esse acidente ocorrido em 2014 contribuiu para a queda do avião neste domingo (24).Nova queda“Isso envolve uma série de variáveis: foi colocado um novo motor nessa aeronave ou só feita uma manutenção e recuperação dos danos?”, questiona o professor. Francé diz que o fato de o avião ter pegado fogo complica a análise do que ocorreu durante a queda de domingo (24). “Apenas o CENIPA vai conseguir essas respostas através da investigação que irá fazer com as partes metálicas que restaram. É possível que a hélice tenha se mantido intacta”, aponta.O professor de Ciências Aeronáuticas da PUC-GO explica que nas fotos do acidente veiculadas na mídia, percebe-se que ele caiu mais à esquerda. “Isso abre uma série de possibilidades: pode ser, por exemplo, que o motor esquerdo tenha parado de funcionar. É possível que só o motor direito estivesse fazendo pressão para frente. Se foi isso, é uma tendência que o avião pendesse para o outro lado. O peso do avião também pode ter influenciado na hora da queda”, esclarece Francé.FABEm nota, a FAB comunicou que investigadores do Sexto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VI), órgão regional do CENIPA, foram acionados para realizar a coleta de dados da ocorrência envolvendo a aeronave e que “o objetivo das investigações realizadas pelo CENIPA é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram”, sendo que “a conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes.”AeronaveA aeronave que caiu com a equipe do Palmas Futebol e Regata é do fabricante BEECH AIRCRAFT, de matrícula PT-LYG. De acordo com Francé, esse fabricante costuma produzir aviões de qualidade. “São aeronaves consideradas seguras”, diz o professor.De acordo com o portal da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a aeronave pertence a uma empresa. Entretanto, foi informado que o presidente do time, Lucas Meira, havia adquirido o avião e estava transferindo para o nome dele.No portal da ANAC, consta que a aeronave tinha situação de aeronavegabilidade normal e que o certificado de aeronavegabilidade dela estava em dia. Raul Francé explica que isso significa que o avião cumpre todos os pré-requisitos de funcionamento para voar com segurança.AcidenteO acidente com o grupo do Palmas Futebol e Regatas ocorreu neste domingo (24). O avião teria caído logo após levantar voo. A aeronave levava a equipe para Goiânia, onde o Palmas iria enfrentar o Vila Nova, pela Copa Verde. Por conta do ocorrido, a partida foi adiada.A aeronave era pilotada por Wagner Machado Júnior, de 59 anos. Estavam a bordo o presidente do Palmas Futebol e Regatas, Lucas Meira, e os outros atletas do time que ainda não tinham feito a estreia pelo Palmas: o goleiro Ranule, o lateral esquerdo Lucas Praxedes, o zagueiro Noé e o atacante Marcus Molinari.