As vendas de carros e comerciais leves em março despencaram por causa do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus. Com 155.771 emplacamentos, a queda foi de 19,1% em relação a fevereiro (192.639). Trata-se do pior março em vendas dos últimos 14 anos no Brasil. Perdendo apenas para o mesmo mês de 2006, com 148 mil. Os dados são da Fenabrave, federação que que reúne as associações de concessionárias de veículos do País.

Na comparação com março de 2019, quando foram vendidas 199.549 unidades, a queda é ainda pior, de 21,9%. No início do mês passado, as vendas apresentaram um resultado avassalador. Na primeira quinzena, o aumento foi de 10% em relação ao mesmo período de fevereiro. Mas a queda de 90% nos emplacamentos na última semana de março resultou no péssimo número do fechamento do mês .

A média diária de vendas de automóveis e comerciais leves no País caiu para apenas 427 unidades entre os dias 21 e 27 de março. Na semana anterior, a média foi de 4.424 emplacamentos por dia. O que dá a dimensão da queda, de exatos 90,3%. O levantamento feito pelo Jornal do Carro considera os 20 modelos mais vendidos no mercado nacional.

Algumas marcas intensificaram seus processos de vendas virtuais. A Caoa Chery, por exemplo, criou um serviço que leva o vendedor até o cliente. Ele tira dúvidas e fecha o negócio, simulando até financiamentos. Mas isso não foi o suficiente para reverter números de quedas tão expressivos. Toda a estrutura de comercialização das marcas é presencial. Não havia um Plano B.

Vendas perdem para o medo
Segundo o Serasa, órgão de análise de crédito, outro fator que impede que as pessoas façam grandes compras neste momento é o medo de uma inadimplência futura. Ou em um português mais claro, o medo de perder o emprego ao longo da pandemia. Isso faz com que o cliente, mesmo com o dinheiro na mão, desista de realizar compras de alto valor.

Com o resultado de março, o primeiro trimestre de 2020, com 532 mil vendas, já é 8,2% menor que o mesmo período de 2019, com 580 mil emplacamentos.

A Anfavea, que reúne os fabricantes de automóveis, fará um pronunciamento sobre a queda prevista para abril na próxima segunda-feira (6). Mas fontes do mercado garantem que se o isolamento social se mantiver durante abril, a queda no mês em comparação com março pode ser de 30%. Com 70% em relação a abril de 2019. O que projeta um cenário de fim de ano de mais de 30% de queda no mercado total.