A Apple anunciou nesta terça-feira, 28, que teve a maior receita trimestral de sua história no final de 2019. Entre os meses de outubro e dezembro de 2019, a companhia faturou US$ 91,8 bilhões, puxada pelo bom desempenho nas vendas de iPhones e de dispositivos vestíveis, como o relógio inteligente Apple Watch e os fones de ouvido sem fio Air Pods. Com as novas vendas, a empresa alcançou a marca de 1,5 bilhão de dispositivos ativos em sua base instalada em todo o mundo. 

Os números animaram o mercado e fizeram as ações da Apple subirem mais de 2% após o fechamento do pregão da Nasdaq, levando a empresa a ser avaliada em mais de US$ 1,4 trilhão – bem à frente da Microsoft, segunda maior companhia de tecnologia do mundo, hoje na casa de US$ 1,26 trilhão. 

Ao longo do último ano, a empresa viu suas ações praticamente dobrarem de valor – resultado de um bem-sucedido plano para reverter as baixas vendas do iPhone em mercados emergentes como a China, que afetaram o desempenho da Apple no início do ano passado. Neste trimestre, a receita com o smartphone voltou a crescer, com faturamento total de US$ 55,9 bilhões, contra US$ 51,9 bilhões no quarto trimestre de 2018. 

Agora, o presidente executivo Tim Cook tem de lidar com um novo problema vindo do Oriente: o coronavírus, que pode afetar o ritmo de produção da empresa. Hoje, boa parte dos fornecedores da Apple estão localizados na China. Em entrevista à agência de notícias Reuters, Cook disse que a empresa está trabalhando com previsões menos assertivas para o trimestre entre janeiro e março de 2020 justamente por conta do vírus. A previsão de faturamento no período ficou entre US$ 63 bilhões e US$ 67 bilhões. 

À Reuters, Cook também disse que a empresa tem enfrentado problemas para conseguir responder à demanda de AirPods e Apple Watches – segundo o executivo, a empresa têm enfrentado falta de estoque dos dispositivos em diversos mercados. "Estamos trabalhando duro para reverter isso". 

No 4º trimestre de 2019, que é considerado o primeiro trimestre do ano fiscal de 2020 da empresa, o lucro total foi de US$ 22,2 bilhões. 

Serviços

Outro fator que ajudou as receitas da Apple foi o desempenho do setor de serviços, que faturou US$ 12,7 bilhões no período, em receita recorde para a história. Os números, porém, ficaram abaixo do esperado pelo mercado, cujas previsões estavam na casa de US$ 13 bilhões. Com ofertas como o streaming de vídeo Apple TV+, a biblioteca de jogos Apple Arcade e o serviço de armazenamento em nuvem iCloud, a divisão é vista por muitos como responsável pelo futuro da Apple. 

Para que a mudança dê certo, porém, a Apple precisa continuar a crescer sua base de usuários e fazer com que eles aceitem assinar seus serviços. É uma forma da empresa obter receitas recorrentes, especialmente em um momento em que as pessoas compram celulares a intervalos cada vez mais largos – culpa da chamada inovação incremental, que traz apenas melhorias simples nos novos modelos de iPhones. 

Segundo a empresa, hoje há 480 milhões de assinantes de serviços pagos no universo do iOS, incluindo plataformas de terceiros – mas sob as quais a empresa também fatura uma comissão. De acordo com Tim Cook, a expectativa é de que a empresa chegue a 500 milhões de assinantes até o final de março. A Apple estabeleceu ainda a meta de ter 600 milhões de assinantes até setembro de 2020, quando se encerrará o ano fiscal da empresa.