Trabalhadores da JBS em Dourados (MS) entraram com ação na Justiça do Trabalho em que pedem indenizações individuais de R$ 200 mil para cada funcionário que tenha sido contaminado pela Covid-19 e outros R$ 100 mil para todos os demais que ficaram expostos à contaminação.A fábrica de carne suína da antiga Seara tem 4.300 funcionários na unidade de Dourados. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do município, autor da ação, desde o início da pandemia, 1.075 funcionários foram diagnosticados com coronavírus.A ação civil pública está tramitando na 2º Vara do Trabalho de Dourados e pede também o ressarcimento de despesas médicas com tratamentos, medicamentos, exames, internações e deslocamentos --o sindicato pede que os cálculos sejam individualizados ao fim da tramitação.Além das compensações a trabalhadores, contaminados ou não, o sindicato incluiu no pedido a previsão de indenização de R$ 500 mil para a família de funcionários que, devido à contaminação pelo coronavírus, venham a morrer, e o custeio de uma bolsa a herdeiros.Não houve registro de morte entre os funcionário da fábrica, segundo Paulo Roberto Lemgruber, sócio do Mauro Menezes & Advogados, que representa o sindicato na ação.Lemgruber diz que, além das indenizações, os trabalhadores querem a implementação de medidas de prevenção ao contágio com a busca diária de funcionários contaminados e o afastamento imediato de quem esteja no grupo de risco ou com algum tipo de sintoma."A JBS se limitou a implementar medidas superficiais de proteção, sem alterar o intenso ritmo de produção de sua unidade de Dourados e sem reduzir a quantidade de trabalhadores por turno, de modo a viabilizar o distanciamento entre os trabalhadores", diz Lemgruber.O advogado afirma que, embora a empresa tenha testado todos os funcionários da fábrica, não há uma política de vigilância ativa, o que permitiria antecipar a constatação de que funcionários estão contaminados. Outra falha apontada pelo representante do sindicato na conduta da JBS é a de que ela teria aguardado a confirmação de testes para afastar trabalhadores que tiveram contato com os funcionários contaminados.O município de Dourados fica a 228 quilômetros da capital sul-mato-grossense, Campo Grande, e concentra a maior população indígena no estado, cerca de 17,3 mil pessoas, segundo o governo.Foi uma funcionária dessa unidade a primeira indígena a ser diagnosticada com coronavírus em Mato Grosso do Sul, no início do mês de maio. Segundo a secretaria estadual de Saúde, a mulher de 35 anos é guarani e mora na aldeia Bororó, dentro da Reserva Indígena de Dourados.A JBS ainda não foi notificada da ação e, por isso, diz que poderia comentar o pedido dos trabalhadores.A empresa afirma, em nota, que "não tem medido esforços para a garantia do abastecimento e da produção de alimentos dentro dos mais elevados padrões de qualidade e segurança além da máxima proteção dos seus colaboradores".Nesta sexta-feira (17), o desembargador federal do trabalho Marcelo José Ferlin D'Ambroso atendeu a um pedido do Ministério Público do Trabalho no Rio Grande de Sul em um mandado de segurança e determinou o afastamento de todos os trabalhadores da JBS em Três Passos por um período mínimo de 14 dias. A partir do 10º dia, a empresa deverá iniciar a testagem do todo os funcionários.Na decisão, o desembargador afirma que a JBS estava descumprindo decisão anterior quanto à necessidade de testar os funcionários da fábrica. Ele diz também que o frigorífico tem mais de cem pessoas contaminadas pelo novo coronavírus e que um funcionário morreu.A fábrica da JBS em Três Passos processa carne suína. Desde o início de julho, a unidade teve suspensa sua autorização para vender para a China.A suspensão na compra de produtos brasileiros atingiu outra unidade da JBS no Rio Grande do Sul, a de Passo Fundo, e também Minuano e BRF, ambos em relação às plantas em Lajeado (SC), Marfrig, em Várzea Grande (MT), e Agra, em Rondonópolis (MT).O Ministério Público do Trabalho já entrou com dezenas de ações para tentar obrigar os frigoríficos a cumprir medidas de distanciamento e fornecimento de EPI (Equipamentos de Proteção Individual).Pelo menos 81 TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) foram assinados, nos quais as empresas se comprometem implantar medidas de proteção aos funcionários.Sobre a decisão do TRT-4 (Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região), a JBS informou que não comenta processos em andamento.