Dados do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), apontam que o estado do Tocantins responde por 6% dos envios da melancia às Ceasas (Centrais de Abastecimento), sendo que os primeiros são Goiás, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco, seguido pelo estado tocantinense. O levantamento é realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),

De acordo com a gerente de Estudos do Mercado Hortigranjeiro da Conab, Joyce Fraga, o impacto da oferta de melancia no preço final dos mercados atacadistas tem relação com a época em que a safra ocorre e com o volume da safra, situada dentro do período em que estão sendo ofertadas melancias de Uruana/Ceres (GO). “A depender do volume da safra dessa última região, os preços pagos pelos atacadistas que compram a melancia tocantinense variam. No geral, grande produção e demanda menor significa queda de preços. Já o contrário implica em pressão para alta de preços ao produtor e no atacado. No ano corrente, ocorreu menor produção junto à demanda restrita, e isso fez com que os preços permanecessem em patamares tendencialmente menores”, explicou. 

Já em relação ao histórico da comercialização da fruta, Joyce Fraga lembra que em 2019 ocorreram menores investimentos, pois o tempo mais seco nas microrregiões produtoras prejudicaram o plantio e o semeio em alguns locais, feitos no meio do ano.  Isso comprometeu a produtividade de algumas lavouras e desincentivou os aumentos dos investimentos para 2020. “Esses fatos somados ao choque na demanda alimentado pela pandemia (quarentena, restrições de mobilidade em diversas cidades) e à concomitante perda de poder aquisitivo da população contribuíram para desincentivar ainda mais qualquer possibilidade de aumento dos investimentos para 2021”, acrescentou.

Vale destacar que nesse ano, o nível de produção mais baixo foi contrabalançado por demanda fraca e, assim, houve inibição de grandes aumentos de preços no Centro-Sul do país, grande demandante da melancia tocantinense (seja de Gurupi, Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia, Porto Nacional, Miracema do Tocantins, entre outros locais).

A gerente da Conab ainda explica que o clima tocantinense é adequado para a boa produção da melancia. “Problemas ocorrem quando o tempo (variações conjunturais dentro de um tipo de clima e sua influência sobre o bioma local) tem grandes oscilações. Por exemplo, a presença de calor excessivo e atraso das chuvas pode comprometer o bom crescimento das melancias e sua qualidade (manchas na casca, textura interna diferente) e pode provocar colheita precoce (melancias menos "doces" estariam sendo disponibilizadas ao mercado). Já o déficit hídrico pode comprometer tanto o plantio e semeio, se ocorrer no período dessa fase da cultura (demandando o uso de irrigação de produtores que tiverem condições de fazê-lo e, assim, aumentando os custos), quanto o enchimento, que afetaria assim a qualidade e a produtividade das lavouras”, finalizou.

Boletim Prohort outubro  

Estudo que analisa a comercialização exercida nos entrepostos públicos de hortigranjeiros, que representam um dos principais canais de escoamento de produtos in natura do país, mostra que em relação ao complemento da oferta da melancia no mês de outubro, o Tocantins foi responsável por quase 15 %. Os dados faz parte do Prohort da Conab.  

Entre as principais microrregiões do país na quantidade ofertada de melancia para as Ceasas analisadas em outubro de 2021, destacam-se no Tocantins: Formoso (3.670.700 kg); Porto Nacional (524.000 kg); Gurupi (460.210 kg) e Miracema (313.400 kg). 

Já em relação aos principais municípios do Brasil na quantidade ofertada dessa fruta para as Ceasas analisadas pelo boletim e suas respectivas microrregiões no mês de outubro, o boletim traz como destaques no Tocantins:

Município / Microrregião / Quantidade

Lagoa da Confusão / Formoso / 3.271.300 kg

Palmas / Porto Nacional / 478.000 kg

Alvorada / Gurupi / 460.210 kg

Cristalândia/ Formoso / 399.400 kg

Comercialização da melancia no Brasil 

O boletim mostra preços com variações desuniformes com redução de 8,2% na oferta, explicada pelo pico da produção goiana no mês de setembro (porém esse estado é o que mais participa atualmente da oferta nacional, atingindo representatividade de 40% do total). As exportações ficam em torno de 79,7 mil toneladas em 2021. De acordo com a Conab, a temporada de exportação iniciou em fins de agosto e vem crescendo desde setembro, acompanhando a série histórica de anos anteriores. Alguns fatores como câmbio brasileiro desvalorizado, boa demanda externa, qualidade da melancia, além da sazonalidade da exportação da fruta ajudam a explicar o cenário.