O valor gasto pelo tocantinense com a alimentação fora de casa representa cerca de 30% de suas despesas. O número é menor que em outros estados como São Paulo, por exemplo, que já atinge o patamar de 40% dos gastos das famílias, esse ainda é um gargalo do Tocantins, mas o setor acredita que com o passar do tempo o hábito também conquistará mais adeptos no Estado. Termina hoje o 27º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que reúne empresários de diversos estados brasileiros e que discutem não só os gargalos, mas as potencialidades do setor de alimentação fora do lar.“É a segunda vez que o evento acontece em Palmas. É gratificante colocar o Tocantins no cenário nacional e viabilizar o debate sobre as demandas do setor, além de mostrar a Capital para os mais de 40 empresários de outras regiões, que podem despertar o interesse por investir aqui”, avaliou o presidente da Abrasel Tocantins, José Ernesto Beteli.Com as discussões impulsionadas pelo encontro, Beteli falou ao Jornal do Tocantins sobre os principais gargalos no Estado e um deles é a insegurança jurídica com relação ao repasse dos 10% de comissão. Segundo ele, tanto os empresários quanto os colaboradores encontram dificuldades, por falta de uma legislação clara, de como o valor deve ser repassado.A legislação trabalhista regida pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), também é um problema para o setor. “Os estabelecimentos têm dificuldades em empregar nos modelos da CLT. Na década de 1950, quando a CLT foi aprovada, havia uma realidade no País e hoje todo o mundo é mais flexível. O trabalho em bares e restaurantes funciona de forma mais dinâmica e para adequar à nossa realidade e trabalhar regularizado, nos moldes atuais, seria impossível”, pontuou Beteli.A questão tributária também é destacada como gargalo pelo presidente da Abrasel Tocantins. “Temos uma carga no Brasil escandalosamente agressiva. E é para todo mundo. Temos uma guerra fiscal do ICMS que flutua em cada estado e dificulta a atuação empresarial.”Apesar dos gargalos incomodarem, Beteli falou das potencialidades do Tocantins. “Mesmo diante da crise o Estado não foi afetado de fato, como em outros estados, ainda tem uma economia pujante e temos uma janela de oportunidade, tendo em vista que cada vez mais o brasileiro faz as refeições fora de casa.”Para ele, a regulamentação do empregado doméstico aumentou os custos para mantê-los e assim as pessoas migram para realizar suas refeições fora de casa. “Comer fora, a cada dia que passa, deixa de ser luxo e se torna hábito, principalmente entre os nossos jovens.”O desenvolvimento do Tocantins, também é destaque na avaliação do presidente. “As cidades estão crescendo, o Estado está crescendo. Temos o turismo de negócio ainda com muito a ser explorado e com a vinda de novos eventos abre-se oportunidades. O turista, chega a uma cidade e a primeira coisa que procura é a gastronomia.”Na avaliação do presidente da Abrasel, a identidade do setor no Tocantins ainda está em formação e ele citou a ausência de uma comida tradicionalmente da cultura do Estado. “Mas vejo o interesse na sociedade de explorar isso nos próximos anos.”EncontroAo todo foram três dias de atividades no encontro que tem por tema “Como Inovar em Tempos de Crise” e discutiu temas como as tendências do mercado, franquias de alimentação e o empreendedorismo. Hoje, a partir das 19h30, no auditório do Senac em Palmas, os debates giram em torno de como evitar causas trabalhistas, indicadores financeiros a favor dos lucros do negócio e o papel do turismo no desenvolvimento.