Minoria dos brasileiros consegue quitar despesas sazonais sem ter que parcelar ou economizar ao longo do ano e outros 22% não fazem planejamento. Consumidor deve ter organização para não se atrapalhar com compromissos de início de ano e parcelas que sobram das compras de Natal

O início do ano é visto como um momento para refletir sobre os hábitos e partir para mudança, especialmente quando se fala de planejamento financeiro. Mas uma pesquisa realizada Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) traz preocupação ao apontar que somente um em cada dez brasileiros (11%) têm condições de pagar as despesas sazonais que costumam se concentrar neste início de como impostos, reajustes de parcelas de academia e escola, materiais escolares.

Além disso, 22% dos entrevistados não fez nenhum planejamento para pagar esses compromissos em 2020. Já outra parte dos entrevistados (26%) economizou nas festas e compras no fim de 2019 para conseguir pagar as contas com mais folga no início deste ano. Também 21% dos consumidores guardaram ao menos parte do 13º salário para honrar os compromissos e 17% disseram ter montado uma reserva ao longo de 2019 para cobrir os gastos no futuro. Já pensando em uma renda extra, pelo menos 14% dos entrevistados passaram a fazer algum bico.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, avalia que quem já se organizou para este momento está em situação mais confortável do que aqueles que terão de parcelar as despesas. “O recomendável é que o consumidor já tenha traçado no final do ano passado um planejamento das suas despesas sazonais, separando mensalmente uma quantia para essa finalidade.  Mas quem ainda não teve tempo ou nem pensou nisso, precisa agilizar a organização para não passar sufoco e manter a disciplina para que as prestações não desajustem o orçamento”, destaca.

Na média, o brasileiro terá o orçamento comprometido até o segundo trimestre do ano, já que a maioria parcelou as compras natalinas para pagar as prestações somente em abril, de acordo com o levantamento do SPC Brasil.

Impostos à vista ou parcelado?

Conforme especialistas do SPC Brasil, o melhor é montar uma reserva especificamente para pagar gastos como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) o mais cedo possível e à vista. No entanto, também é recomendável ao consumidor mais organizado avaliar se o desconto no pagamento único é realmente mais vantajoso que o parcelamento.

O primeiro passo é avaliar se o desconto oferecido é maior do que o valor que esse dinheiro renderia em uma aplicação financeira, como a poupança, por exemplo, que rende 0,3% ao mês e é isenta de taxas. No caso do IPTU, considerando um parcelamento em 10 meses, o pagamento à vista só será a melhor opção se o desconto for superior a 1,5%, segundo a SPC Brasil. Já para o IPVA, supondo um parcelamento em 3 vezes, para o pagamento ser realmente vantajoso, basta que o desconto supere os 0,5%.

Já para os que não se planejaram e estão sem dinheiro guardado, o recomendável é parcelar e se organizar para honrar com as despesas sem apertar o orçamento, além de começar a montar uma reserva para o próximo ano. Para isso, é preciso somar a média total das despesas sazonais e dividir pelo número de meses do ano, separando todo mês o valor determinado no final da conta.

Metodologia

Para esta pesquisa, foram entrevistadas 813 pessoas de ambos os sexos e acima de 18 anos, de todas as classes sociais, em todas as regiões brasileiras. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.