O boom dos aplicativos de delivery de 2015 para cá impactou no aumento de vendas nos restaurantes e estabelecimentos alimentícios em Palmas, mas trouxe também outras responsabilidades. Se por um lado há pontos positivos a serem colocados, como a criação de novos postos e marketing para a empresa, por outro, os donos de restaurantes precisam analisar bem se o estabelecimento tem condições para entrar nesse jogo sem ficar no prejuízo, tendo em vista a margem de lucro da empresa versus taxa de aplicativos.Para o proprietário de um restaurante há 10 anos no mercado, Fábio Silva, de 35 anos, a entrega por aplicativo é vista sob a ótica do marketing. “Nós estamos em quatro aplicativos e isso tem impactado de forma positiva na minha empresa porque faço a propaganda do restaurante. A pessoa pede a comida, gosta e então quer conhecer o local. Tenho vários clientes que conquistei graças ao aplicativo”, conta.Conforme o empresário, as entregas por aplicativo também ajudaram na geração de emprego. “Começamos em 2015 com um dos aplicativos e fomos entrando em outros a medida que foram chegando em Palmas. Devido a demanda, já tenho duas funcionárias que cuidam só da entregas de aplicativo, então já gerou emprego, além de ajudar a trazer o cliente para o restaurante, o que me gera lucratividade também”, frisa Silva.Mesmo com a prática de alguns aplicativos de oferecerem descontos e entregas grátis rotineiramente, custos que recaem para a empresa a depender de cada empresa de delivery, o empresário disse que atinge o seu objetivo com os aplicativos e por isso continua com este serviço. “Vejo como uma arma de marketing. Uma coisa compensa a outra, eu quero trazer o cliente para conhecer o restaurante e consigo isso. Tudo tem que colocar na ponta do lápis. Eu vejo como um instrumento de propaganda do restaurante, não como algo para ganhar dinheiro, só para ter lucro pelo aplicativo”, completa.Lucro lá embaixoDiferente de Silva, outro empresário também de um restaurante, aberto na Capital desde 2002, já não considera a entrega por aplicativos algo tão benéfico para o seu negócio. O proprietário de um estabelecimento self service e de rodízio, Loiri Maronezi, de 50 anos, conta que já tentou trabalhar com todos os aplicativos de delivery em Palmas, mas nada deu certo porque as contas não fechavam. “A taxa que os aplicativos pedem é maior que a minha margem de lucro e assim não tem como sobreviver. Como vou pagar de 22% e 25% de taxa se minha margem é de 18%? Eu ficaria no prejuízo em 4%”, questiona.Conforme Maronezi, oferecer ou não este serviço não é uma resposta simples e óbvia, mas depende do objetivo de cada empresa. “Nós estamos no mercado há muitos anos, temos clientes fixos, uma estrutura interessante, então não é algo que faz muita falta, apesar de os clientes pedirem. Eu preciso colocar na ponta do lápis e priorizar o lucro, a qualidade. Não é só oferecer o serviço, preciso garantir lucro e também que a qualidade da comida chegue igual na casa da pessoa, é cuidar da imagem do restaurante”, destaca o empresário.“A maioria dos aplicativos leva entre 40 minutos à uma hora para fazer a entrega, a comida já chega fria na casa do cliente, por vezes bagunçada, e muitos acabam dando avaliação negativa por algo que não depende só do estabelecimento. Então é preciso analisar bem”, recomenda.A sócia proprietária de uma cafeteria aberta há apenas cinco meses na Capital, Leide Theophilo, de 50 anos, também aposta que a pesquisa e o conhecimento da realidade da empresa são os principais pontos na hora de decidir trabalhar com delivery ou não. “Nós ainda não entramos nos aplicativos por estarmos nos estruturando. Muitos amigos dizem que é um espaço de marketing do produto, os nossos clientes também pedem muito, mas precisamos estar bem estruturados para que a qualidade do produto, a experiência gastronômica, seja a mesma na casa da pessoa, que não haja problema de estar gelado, por exemplo. Todos esses cuidados estamos tendo antes de ter este serviço”, explica a empresária.Entrega própria X por aplicativoCarla Cristina Rodrigues Noman, de 40 anos, é sócia de um restaurante que não só atende pedidos por alguns aplicativos de entrega, como também oferece um delivery próprio da empresa. “No início, em 2018, abrimos a empresa sem estar em nenhum aplicativo, então decidimos ter uma entrega própria. Depois de um tempo, acabamos entrando em quatro aplicativos, mas continuamos também com nossos entregadores”, lembra.Segundo Carla, a decisão de manter os dois tipos de entrega se deu pela necessidade de atender uma clientela variada. “Ainda temos muitos clientes que não tem contato muito grande com aplicativo e preferem o pedido direto pela empresa. Eles ligam pelo telefone ou mandam uma mensagem e fazem o pedido. Assim conseguimos atender uma clientela bem diversificada. Já nos aplicativos, muitas vezes são oferecidos descontos, há um marketing envolvido”, explica a sócia.Sobre a lucratividade, Carla comenta que, no fim das contas, o custo é quase o mesmo tanto tendo entrega própria como oferecendo pelos aplicativos. “Recomendamos muito a entrega por aplicativo, é muito prático porque pode focar só na finalidade do restaurante mesmo que é a comida. Chega para mim o pedido, tomo cuidado com a qualidade do produto e a preocupação com endereço, etc, fica por conta do aplicativo”, finaliza.-Imagem (1.2003902)-Imagem (1.2003901)