Dados preliminares da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) que traz uma análise das condições de vida da população brasileira, destaca que o rendimento médio domiciliar per capita no ano passado no Tocantins era de R$1.019. O levantamento é dividido em diferentes categorias: Padrão de vida e distribuição de rendimentos; Estrutura econômica e mercado de trabalho; Habitação; Educação e Saúde. Segundo a Síntese, em 2020, na ausência dos programas sociais, o rendimento teria sido 8,6% menor (R$931), diferença maior do que as observadas em 2012 (3,4% menor) e em 2019 (2,8% menor). Ainda segundo os estudos, sem os benefícios, o rendimento médio domiciliar per capita de 2020 teria caído 8,7% em relação a 2019 (R$1.016) e aumentado 5,7% frente a 2012 (R$881).O levantamento aponta que mesmo com benefícios, 30,2% da população vivia em situação de pobreza em 2020 no Tocantins, com menos de R$ 450 por mês, no ano passado. Cerca de 5,8% da população tocantinense vivia em extrema pobreza no referido ano, ou seja, com menos de R$ 155 reais por mês.O IBGE utilizou os parâmetros do Banco Mundial de US$1,90 para extrema pobreza e US$ 5,50 para a pobreza. Considerando a proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 1,90, o Tocantins está na faixa do estados que apresentam uma média de 8,2 %, enquanto que a proporção de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo de US$ 5,50 chega a 38, 4%. Essa parte da Síntese considera Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2020.Segundo o IBGE, a incidência de extrema pobreza em 2020 ficou estável, se comparada a 2012, que foi quando inicio a série, pois atingia 5,7% da população tocantinense. Frente a 2019, ano com maior nível no indicador (8,3%), houve queda. Os anos de 2017 e 2014 registraram os menores percentuais (5,4%). Já a proporção de pessoas em situação de pobreza no ano passado caiu em relação a 2012 (39,5%), ano com maior índice; e a 2019 (34,2%). O menor nível foi registrado em 2020 (30,2%).A Síntese também analisou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza Brasil. Segundo a análise, sem o pagamento de benefícios, de 2012 a 2019, a proporção de pessoas nessas condições estaria num patamar de 2 a 4 pontos percentuais mais elevado, mas o comportamento do indicador seria o mesmo. Em 2020, a diferença de patamar com e sem os benefícios seria de 8,3 pontos percentuais para extrema pobreza e 9,9 pontos percentuais para pobreza. Além disso, haveria uma inversão no comportamento do indicador em relação ao ano anterior, e a proporção de pessoas em extrema pobreza e pobreza teria aumentado. A nível nacional, o Maranhão figura com 14,4% da população em situação de extrema pobreza, seguido por Amazonas (12,5%). Já o Tocantins (5,8%) ocupa a 14º posição no ranking nesse parâmetro. Em termos regionais, o Tocantins registrou o segundo menor índice, perdendo para Rondônia com 4,3%.Estrutura econômica e mercado de trabalhoA Síntese dos Indicadores Sociais apresenta os principais indicadores do mercado de trabalho, a partir de resultados relacionados à dinâmica econômica. Nesse caso considera-se os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE e de forma pontual e complementar, a PNAD COVID-19. O levantamento traz por exemplo, o rendimento médio do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, em 2020. No Tocantins chega a quase R$ 2 mil, enquanto que no Distrito Federal, por exemplo, passa de R$ 4 mil.Já a taxa composta de subutilização da força de trabalho em 2020 no Tocantins está acima de 30 %. O maior percentual está no Piauí que passa de 45 %. Esses números se referem a subocupação por insuficiência de horas, desocupação e força de trabalho potencial.Em relação a população ocupada e proporção em ocupações informais no Tocantins em 2020, 56,6 % eram do sexo masculino e 48,6 % feminino. Ainda em relação aos números do Estado, 51,9 % eram brancos e 54,1 % pretos ou pardos. De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais, “a informalidade de parte significativa dos postos de trabalho é uma característica do mercado de trabalho brasileiro e constitui importante fonte de desigualdade de rendimentos. Como consequência, há um elevado contingente de trabalhadores sem acesso aos mecanismos de proteção social, como o direito à aposentadoria e às licenças remuneradas (como para maternidade ou afastamento laboral por motivo de saúde) ”.Do total de tocantinenses ocupados, 53,5% trabalhavam informalmente. Em 2019, o percentual era maior (55,2%), bem como em 2012, início da série histórica (55,9%). O nível de ocupação no Tocantins (corresponde ao percentual de pessoas em idade para trabalhar que estavam ocupadas), no ano passado chegou a 49,1%. A proporção de trabalhadores pretos ou pardos era de 77,6% e de 21,3 % para brancos. O percentual de trabalhadores do sexo masculino (61,4%) superou o feminino (38,6%).Um dos dados a serem destacados é a razão entre os rendimentos médios de todos os trabalhos dos 10% com os maiores rendimentos e os 40% com os menores rendimentos, no Tocantins está um pouco acima de 10.EducaçãoO levantamento também traz dados da Educação básica no contexto da pandemia. De acordo com o IBGE, a Covid-19 no Brasil representou não somente uma crise sanitária de proporções históricas, como resultou na maior adversidade, até então, enfrentada pela educação básica brasileira na garantia de acesso à escola de todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos de idade. Um dos indicadores se refere ao percentual de escolas da rede pública que realizaram aulas ao vivo mediadas pela internet e com possibilidade de interação direta entre os alunos e o professor. No caso do Tocantins chegou a 20 % (a média nacional era de 35,5%). Já as escolas da rede privada atingiram 77 %, acima da média nacional (69,8%).Enquanto isso a proporção dos estudantes de 6 a 17 anos que frequentavam escola sem atividades presenciais e sem oferta de atividades escolares no Tocantins é de 10,4. Já o percentual de escolas da rede pública que disponibilizaram equipamentos para uso do aluno durante a suspensão das atividades presenciais no Estado foi de 6,6 %.Já percentual de estudantes de 15 a 17 anos de idade em escolas públicas que informaram que possuíam pia ou lavatório, em condição de uso, com acesso a água e sabão em 2019, no Tocantins chegou a 46,9 %. Vale destacar que segundo o levantamento, essa situação pode sofrer alterações tendo em vista as medidas sanitárias adotadas pelas escolas para retorno das atividades presenciais. HabitaçãoOutro ponto da Síntese dos Indicadores Sociais se refere a habitação e abarca não apenas a estrutura física dos domicílios, mas também a localização da moradia, sua inserção na infraestrutura existente, o acesso a serviços domiciliares e seus custos financeiros, entre outros elementos. Utiliza-se dados oriundos da Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, coletada em 2017-2018. O levantamento destaca por exemplo, a proporção de pessoas cuja família, por motivo de dificuldade financeira, atrasou o pagamento de contas de água, eletricidade ou gás no período de referência de 12 meses, o Tocantins estava entre os estados que figuram com um percentual entre 38,9 % e 46,7 %.Já a proporção de pessoas residentes em domicílios com pouco espaço, conforme avaliação da família, o Tocantins figura entre os estados que apresentam um percentual entre 35, 7% e 40,6 %. O levantamento também traz a proporção de pessoas residentes em domicílios com acesso ao serviço de entrega domiciliar de correspondência pelos correios. No Estado registrou-se um percentual entre 62,2 % e 73,6 %. Em relação a população em famílias que consideram sua condição de moradia ruim, o Tocantins está entre os estados com o percentual na faixa de 7,4 % até 9,7 %.SaúdeO levantamento destaca por exemplo, a proporção de pessoas das famílias residentes com restrição de acesso a serviços de saúde. Nesse quesito, o Tocantins figura entre as Unidades da Federação que apresentaram resultados entre 18,4% até 28,4%.A Síntese dos Indicadores Sociais traz ainda a quantidade de leitos complementares por 1 000 habitantes. Em 2020, o Tocantins esteve entre os estados que apresentaram resultados entre 2,03 e 2,40. Distrito Federal (3,15) e Rio Grande do Sul (3,00) apresentaram as maiores quantidades, em oposição a Amapá (1,66), Amazonas (1,67) e Sergipe (1,76), que apresentaram os menores valores. Já em relação a quantidade de médicos por 1 000 habitantes, o Estado está na relação das Unidades da Federação que apresentaram uma média entre 1,34 e 1,55.Sobre o levantamentoSegundo o IBGE o objetivo é “traçar um perfil das condições de vida da população brasileira, procurando ressaltar os níveis de bem-estar das pessoas, famílias e grupos populacionais, tendo como eixo as desigualdades entre os grupossociais”. O levantamento tem como base o IBGE através da PNAD Contínua, PNAD COVID-19, SCN, PENSE, PNS, POF; Fontes externas como o Censo Escolar 2020 (INEP), Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES e Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM (Ministério da Saúde); além da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD).