Passando a vigorar a partir de 4 de julho, o Tocantins terá um reajuste médio de 4,04% na tarifa de energia elétrica, conforme aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira, 29. O efeito médio que será percebido pelos clientes residenciais e comerciais será de 3,04% e para a indústria será de 5,10%, conforme a Energisa Tocantins, concessionária que fornece o serviço no Estado.Nas contas da empresa, o consumidor residencial ou comercial que pagava uma conta de R$ 100,00, por exemplo, passará a pagar cerca de R$ 103,04, pelo mesmo consumo. Entretanto, segundo a experiência e cálculos do promotor de vendas, Fabrício Carlos dos Santos, de 44 anos, a conta final ficará bem mais cara. “Nesse mês de julho também entra a tarifa da bandeira vermelha, além das tarifas das usinas. O valor em cima disso, ficará muito mais que essa média de R$ 3,00”, relata. Casado e pai de duas crianças, o promotor de vendas já sentiu diferença nos valores nos últimos meses na conta de energia. “Nas minhas três últimas contas paguei R$ 185, R$ 204 e a última ficou em R$ 380”. O valor da conta de Santos já aumentou e a tendência do consumo é aumentar mais ainda, com a chegada dos meses mais quentes no Estado. Além disso, com a pandemia, Santos lembra que as crianças estão sempre em casa, já que as aulas são no sistema remoto, o que aumenta o consumo de energia e também o de água. “Agora, além do consumo tem esse reajuste. Tudo acarreta nas contas no final do mês. Temos que remanejar para que não chegue ao final do mês no vermelho”. Questionado sobre como evitar um rombo no orçamento da família, Santos afirma que a única maneira é tentar reduzir o consumo e cortar gastos. Uma das opções do promotor de vendas foi deixar o ar-condicionado somente para os dias mais quentes e utilizar um climatizador, além de tirar do cotidiano o ferro e chuveiro elétrico. “Se analisarmos nós produzimos a nossa própria energia, mas o custo é de uma das mais caras do País”, finaliza o promotor de vendas, que se baseia no ranking da Aneel, que mostra que o Tocantins passará a pagar a 12ª fatura mais alta entre as unidades federativas, considerando o valor do Megawatt-hora (MWh).ReajusteConforme a Energisa Tocantins, antes do reajuste indicado pela Aneel, os consumidores residenciais e comerciais no Estado pagavam, sem os impostos, em torno de R$ 0,65 a cada kWh consumidos. Agora, essa conta passará para R$ 0,67 por kWh. Atualmente, são aproximadamente 625 mil de clientes em 139 cidades atendidas pela empresa. O reajuste tarifário anual é um processo regulado, previsto no contrato de concessão. "Estes contratos apresentam regras bem definidas a respeito das contas de luz, bem como a metodologia de cálculo dos reajustes realizados pela Aneel, para todas as distribuidoras de energia do país", disse em nota a Energisa. Segundo a concessionária de energia elétrica, a tarifa de energia elétrica é composta por custos de transmissão e geração de energia, além de encargos e impostos e os custos da distribuição, que é o valor que fica com a distribuidora. • Parcela A – trata-se de custos que não são de gestão da distribuidora, que atua apenas como arrecadadora e repassa o valor de forma integral; • Parcela B – custos diretamente gerenciáveis, administrados pela própria distribuidora, como operação e manutenção e remuneração dos investimentos.Ao anunciar o reajuste, a Energisa Tocantins também passou algumas dicas para um consumo mais consciente. Confira: Nos próximos meses, o clima tende a ficar mais quente no estado, e com isso o uso de ventiladores e ar condicionados, além de outros hábitos passam a ser mais frequentes. Então, confira algumas dicas de como usar energia sem pesar no bolso: Use ar-condicionado na temperatura 23º, assim você mantém o ambiente confortável sem exagero. Lembre-se de ligar apenas quando for ficar no ambiente e desligue ao sair; Não deixe ventilador ligado na sala, por exemplo, se não houver ninguém no ambiente; Evite lâmpadas acesas durante o dia. Aproveite ao máximo a luz do dia mantendo as janelas abertas, assim você mantém a casa arejada e ainda economiza; Junte roupas para lavar de uma só vez na semana, respeitando o limite de peso da máquina de lavar. E ao usar o ferro de passar, se programe para que seja semanalmente, assim você evita o reaquecimento do aparelho e economiza energia. Ao comprar lâmpadas, opte sempre por LED, elas são mais econômicas e eficientes que as fluorescentes e incandescentes. Aproveite os benefícios da energia de forma consciente garantindo o seu conforto e segurança e da sua família.Bandeira vermelhaNesta terça-feira, a Aneel também reajustou a tarifa da bandeira vermelha nível 2, que passará de R$ 6,24 para R$ 9,49 por kWh (quilowatt-hora) entre julho e dezembro deste ano —um reajuste de 52%. Essa decisão contrariou a recomendação da área técnica, que indicou o valor de R$ 11,50 por kWh, única forma de garantir equilíbrio entre receitas e o custo de geração da energia, que explodiu devido ao acionamento das termétricas —muito mais caras. Com a decisão, a diretoria da agência optou por parcelar o reajuste, repassando cerca de R$ 3 bilhões para as tarifas no próximo ano.Na bandeira verde não há adicional para cada quilowatt-hora consumido. Na amarela, esse extra era de R$ 1,34 por kWh (quilowatt-hora). Na bandeira vermelha, há dois patamares —antes definidos em R$ 4,16 (nível 1) e R$ 6,24 (nível 2). Se o reajuste da bandeira vermelha nível 2 fosse de R$ 11,50, o aumento previsto nas contas dos consumidores seria entre 10% e 15%, movimento que exerceria ainda mais pressão sobre a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).No acumulado dos últimos 12 meses, o índice atingiu 8% —dos quais cinco pontos percentuais foram provenientes das altas de preços da energia. “Se nada for feito, teremos um déficit de até R$ 5 bilhões na conta bandeiras entre julho e dezembro”, afirmou o relator do processo, o diretor Sandoval Feitosa Neto. Com a tarifa no patamar aprovado (R$ 9,49), a Aneel decidiu adiar o repasse desses custos para as contas de luz no próximo ano. -Imagem (1.2276185)