Já é de conhecimento de todos que o consumo de peixe (carne branca) traz diversos benefícios para a saúde. Em Palmas, a piscicultura (cultivo de peixes) vem ganhando cada vez mais adeptos, e algumas dessas pessoas interessadas no assunto, compareceram na manhã de ontem, na Escola de Tempo Integral (ETI) Fidêncio Bogo, em Taquaruçu Grande, para participar do Dia Técnico sobre Piscicultura.

Evento integrante da programação do Agosto Verde, promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural de Palmas (Seder), o dia técnico tratou desde a alimentação até o momento do abate dos peixes. O ensino focou na produção com uso de tanques elevados, usando como exemplo prático o tanque de alvenaria circular instalado na ETI Fidêncio Bogo. Além de chacareiros que moram em Taquaruçu Grande, o evento também contou com a participação de alunos desta unidade escolar.

Sob orientação da engenheira de Aquicultura da Seder, Maíra Zambonato Dorneles, os participantes tiraram dúvidas sobre a produção de peixes carnívoros e onívoros. “O manejo em tanques elevados não exige tanta mão de obra, mas é preciso atenção para garantir que o peixe cumpra todas as etapas de crescimento de forma saudável. Deve-se observar a qualidade da água, com a limpeza correta do tanque, alimentação, pesagem, medição, dentre outros detalhes para evitar o aparecimento de doenças”, explica a engenheira.

Atenta a todos os detalhes da orientação, a produtora rural Louracy Pereira da Silva, 42 anos, possui um tanque elevado onde produz peixes para consumo interno. “Tenho pirarucu, tambaqui, piau e surubim. Aqui aprendi que estava fazendo algumas coisas erradas que estão comprometendo a minha produção”. Inclusive Louracy descobriu que a alimentação feita apenas uma vez ao dia com uso de ração é inadequada e está contribuindo para que os peixes acumulem mais gordura. “Logo que chegar em casa já vou mudar a rotina e fornecer mais comida para meus peixes”, garante.

O nutricionista da Secretaria Municipal da Educação (Semed), Rodrigo Miranda Pereira explicou para os participantes sobre a importância da inclusão de peixe na alimentação. “O peixe é uma importante fonte de nutrientes como ômega 3, ferro e vitamina B12. Ajuda a reduzir o risco de morte por doenças do coração, depressão, ansiedade, doenças inflamatórias. É um alimento saudável que contribui para a longevidade”, garante.

Pereira orienta também quanto ao consumo do peixe, que deve ser no mínimo de uma a duas vezes por semana. “O ideal é evitar a fritura e optar pelo preparo grelhado, cozido e assado. O consumo dos brasileiros precisa aumentar e ser realidade presente na mesa de todos”, recomenda.

Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês) ressaltam que até 2030, a produção da pesca e aquicultura no Brasil deve crescer 46,6%. Palmas e o Tocantins tem vocação para a atividade aquícola devido o relevo e a oferta de bacias hidrográficas.

Números

Sob supervisão técnica da Seder, em Palmas existem atualmente 16 produtores de peixes em tanques de lona de vinil modelo bag fish, com 33 tanques. Quatro produtores de peixe em tanque de ferro e cimento, totalizando 20 tanques nesta modalidade. Vinte produtores que apostam no tanque rede instalados no Lago de Palmas e 70 produtores de peixe em tanques escavados. 

Ainda na Capital, existem quatro tanques de alvenaria em propriedades rurais para fins comerciais, e quatro produtores de peixe em adobe, com seis tanques.
A pesquisa Avaliação do Consumo de Peixes no Município de Palmas – TO, publicada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 2018, aponta dados sobre o cenário na Capital.
A maior frequência do consumo de peixe foi de uma ou duas vezes por semana. A ingestão diária é feita apenas por 3,30% dos entrevistados. Os tipos de peixes preferidos foram os redondos: caranha, tambaqui e seus híbridos. Os peixes frescos são os preferidos por 84,47% dos entrevistados.

Quando aos locais de aquisição, a maior parte é encontrada nas feiras livres da cidade, sendo 37,86%. No que diz respeito ao preço, a maioria (29,32%) paga até R$ 15,00 por quilo. O principal local de consumo de peixe pelos entrevistados é em suas próprias residências (72,23%).

A pesquisa também descobriu que 40,19% dos entrevistados consome peixe devido ao sabor ou o hábito. Quanto aos motivos que impedem a ingestão de peixes estão o preço (23,68%) e a presença de espinhas (6,79%).
A pesquisa completa poder consultada no endereço eletrônico <FI10>bit.ly/2YSiUjw</FI>.