O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira (2), que o serviço de pagamentos via WhatsApp não está proibido de operar no Brasil. Segundo o executivo, a autoridade monetária só suspendeu a ferramenta para que possa ser regulada de maneira que o BC considera adequada.

“Em nenhum momento o BC proibiu o WhatsApp de funcionar. O que o BC entende é que é um arranjo relevante para a economia e precisa passar pelos mesmos processos de aprovação dos outros arranjos”, declarou o presidente do BC, em evento promovido pelo jornal Correio Braziliense.

Na avaliação de Campos Neto, outros bancos brasileiros, que também têm investido em sistemas de pagamentos digitais, poderiam ficar em desvantagem caso não haja regulação adequada. “Um arranjo que começa com 120 milhões de usuários [base do WhatsApp no país] não é pequeno. Assim que for comprovado que é 1 arranjo competitivo e tem a proteção de dados necessária, será aprovado“, disse.

O Facebook (proprietário do aplicativo de mensagens) também precisará dar evidencias de que vai proteger os dados bancários dos clientes a fim de obter licença para operar no país. “Entendendo que o sistema é competitivo e que os dados das pessoas serão protegidos de forma adequada, o BC está disposto a autorizar“, destacou Campos Neto.

O Banco Central anunciou, em 23 de junho, que o recurso seria suspenso por tempo indeterminado. Em nota, a instituição informou que iria “avaliar eventuais riscos” porque temia que, sem análise prévia, a novidade pudesse causar “danos irreparáveis” à concorrência no mercado de pagamentos no país.

Na 3ª feira (30.jun), a Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) revogou a medida que impedia a parceria do Facebook com a Cielo, dando sinal verde ao funcionamento do WhatsApp Pagamentos no Brasil. Entretanto, o serviço continua suspenso, uma vez que o Banco Central mantém o posicionamento.

O WhatsApp Pagamentos foi lançado no Brasil em 15 de junho e já havia sido disponibilizado para mais de 1,5 milhão de clientes de Banco do Brasil, Nubank e Sicredi com cartões de crédito ou débito das bandeiras Visa e Mastercard. As transações seriam processadas pela Cielo e não seriam cobradas de consumidores e pessoas físicas. Já para as empresas, seria cobrada taxa fixa de 3,99% por transação. O recurso já havia sido disponibilizado para 1,5 milhão de usuários, antes de ser suspenso.