FolhaPress
Mesmo em um ano de crise, a presença de empresas brasileiras no exterior aumentou. O índice médio de internacionalização das organizações nacionais cresceu quase 20% em 2015 -maior aumento já registrado em 11 anos do ranking elaborado pela Fundação Dom Cabral (FDC).
A primeira colocada na lista é a Fitesa, indústria de materiais para uso médico, higiênico e industrial. Em conjunto, 74% dos ativos, funcionários e receitas -os elementos analisados pelo estudo- tiveram origem no exterior no ano passado.
A empresa é seguida pela Iochpe-Maxion, produtora de rodas automotivas, e pela CZM, fabricante de equipamentos para fundação utilizados na construção.
O estudo ouviu 50 multinacionais com atuação no exterior, sobretudo por meio de unidades próprias (não meramente exportadoras), e 14 franqueadoras.
A contração do mercado doméstico foi uma das razões para o aumento da aposta lá fora, diz Sherban Leonardo Cretoiu, professor e pesquisador do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da FDC.
De acordo com a pesquisa, 74,6% das empresas pesquisadas disseram que sua estratégia internacional foi influenciada pelo contexto político e econômico brasileiros. Isso levou 78% das empresas a ampliarem os investimentos fora do país, sendo que 18% reduziram o investimento doméstico. Outros 12% diminuíram a injeção de novos recursos em todos os mercados.
O câmbio foi outro fator que incentivou essa saída. Com a desvalorização do real ao longo de 2015, a conversão das receitas em dólar fez o ganho na moeda local disparar.
Isso levou muitas organizações a atravessarem novas fronteiras. De acordo com a pesquisa, 21,1% entraram em novos países em 2015. Ao todo, as 64 empresas pesquisadas estão presentes em 99 economias.
Os Estados Unidos continuam sendo o destino favorito: 40 multinacionais e franqueadoras têm atividades no país. A vizinha Argentina vem em segundo lugar, com 31 companhias, seguida por Chile (25), Colômbia (23) e China (22).
Paralelamente, 14,1% encerraram suas atividades na China, Dubai, Egito, Espanha, Estados Unidos, Nigéria, Portugal ou Venezuela.
Apesar dos incentivos circunstanciais, essa expansão faz parte de uma estratégia maior e sinaliza uma tendência de longo prazo, afirma Cretoiu.
"Essa internacionalização não é algo tão volátil como exportações. É uma decisão pensada, mais estruturada", diz.
FRANQUIAS
As franquias brasileiras também seguem em expansão, segundo a FDC. Em primeiro lugar no ranking vem a locadora de automóveis Localiza, com índice de internacionalização de 19,2%. Em segundo lugar vem a iGUi Piscinas (17,9%) e a rede de roupas femininas Dudalina (13,6%).
Mais que uma estratégia interna dessas franqueadoras, o motor dessa ampliação vem muitas vezes de um investidor estrangeiro que decide levar o negócio do Brasil para o seu país, diz o professor da FDC.
Cretoiu cita o caso de uma rede de iogurte brasileira com cinco unidades no Teerã, abertas pela iniciativa de um empresário iraniano que teve a ideia após visitar o Brasil.
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