Uma comissão de produtores e representantes de sindicatos rurais tocantinenses entrou aos poderes executivos e legislativos um ofício solicitando a revogação da portaria 1.216/2019, sobre os Termos de Acordos Especiais (Tare) das indústrias frigoríficas. A entrega do documento ocorreu no final do dia desta quarta-feira, 9, para a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) e posteriormente na Assembleia Legislativa (AL). A polêmica portaria do Estado, publicada Diário Oficial no último dia 30 de setembro, que cessava os Termos de Acordos Especiais (Tare) do setor de abates e processamento de carnes bovinas e com isso, os frigoríficos tocantinenses pararam as atividades na semana passada alegando inviabilidade financeira. “A medida do governo que visava os frigoríficos afeta não só eles, mas toda uma cadeia produtiva do estado causando uma insegurança tributária e jurídica para os pequenos, médios e grande produtores também”, relata o diretor do Sindicato Rural de Araguaína e pecuarista Wagner Martins Borges. Para Borges, com a retirada do incentivo sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), fixando o imposto em 12%, o setor de abate teria sérios prejuízos e isso chegaria tanto a mesa dos consumidores como no bolso dos próprios pecuaristas. “Termos 502 mil produtores cadastrados e nos mobilizamos para mostrar ao Estado que essa medida não estava correta”, relata ao lembrar que em estados vizinhos as alíquotas adotadas estão entre 1,3 a 1,6%.“No final, a arroba negociada a R$ 145,00 com o frigorífico somente gerará uma receita de R$ 125,00, reduzindo em R$ 320,00 a receita média por cabeça na venda de um boi de 16 arrobas. Infelizmente esse valor não é suportável pelo produtor. Tal valor sequer chega a ser a margem obtida em produções profissionais e com alta produtividade”, conforme o documento protocolado pelos produtores. Borges ainda completa que está em jogo não é o aumento de arrecadação por parte do Estado: "um efeito nefasto que podemos destacar é a falta de carne na mesa do consumidor final colocando em risco mais de 100.000 empregos gerados formalmente pela cadeia produtiva no Estado", explica Borges, que também é economista.O documento entregue aos poderes estaduais está assinado pelo Sindicato Rural de Colinas do Tocantins, Sindicato Rural de Tocantinópolis, Sindicato Rural de Arapoema, Sindicato Rural de Palmas, além do de Araguaína. CasoO secretário estadual da Fazenda e Planejamento, Sandro Armando, disse à imprensa na última segunda-feira, 7, que irregularidades encontradas em frigoríficos levaram o Governo do Estado a suspender os Tare. São R$ 57 milhões só de auto de infração, segundo o secretário, que informou ainda, que a Procuradoria Geral do Estado irá recorrer da decisão judicial que suspendeu a Portaria 1.216 que cessava os termos. A decisão liminar do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJ-TO) para suspender a validade da portaria tinha dado prazo de 24 horas para que o Estado volte a fornecer os incentivos fiscais, sob pena sob pena de sanções penais e administrativas, além de multa pessoal pelo descumprimento da ordem.O caso repercutiu após os frigoríficos tocantinenses pararam as atividades na última quinta-feira, 3, por inviabilidade financeira devido o corte de incentivo fiscal. “É inviável continuar os trabalhos. Essa medida do governo fará que o empresário do ramo perca a confiança do comércio, pois impede o cumprimento de contrato de vendas com diversos compradores tanto externos, quanto internos e a distribuição do produto à população tocantinense”, afirmou, na data, o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes Bovinas, Suínas, Aves, Peixes e derivados (Sindicarnes), Gilson Ney Bueno Cabral.