Há mais de um ano o período pandêmico exige o isolamento e o distanciamento social e forçou os empreendedores do setor alimentício, responsáveis pela alimentação fora do lar, a encontrarem saídas para não fechar as portas dos negócios. Nesse cenário incerto, e sem previsão para o fim, a inovação e revisão dos processos de produção marcam a visão além do trivial de quem aponta os caminhos trilhados: adaptação e transformação.

Dona de uma loja de doces em Palmas, Dineis Zago Meurer buscou ajuda profissional para adaptar produtos e atendimento, o que considera um diferencial em seu negócio. “Quando tem essa mudança radical do comportamento do cliente, precisamos fazer um novo estudo sobre a demanda do mercado e quais as condições que precisamos ter para não perder esse mercado. Então a partir desta percepção, começamos a fazer adaptações em diversas áreas dos produtos que vendemos”.

As alterações na loja atingiram processos internos, o marketing e uma mudança no cardápio. “A gente definiu novos produtos que seriam mais interessantes para trabalhar por vendas online. Mudanças que já estávamos visualizando mesmo antes da pandemia, mas elas ganharam destaques diante da necessidade de mudar com o surgimento do novo coronavírus. Então contratamos um consultor para ver o que tinha que ser mudado”. 

Os resultados já foram notados no balanço de vendas dos produtos da loja, afirma a empresária. Segundo Dineis, a movimentação em seu comércio cresceu 80% na Páscoa deste ano, se comparada ao mesmo período do ano passado, quando o País já enfrentava a pandemia do novo coronavírus. “Além da Páscoa, já vimos muitos resultados expressivos nestes primeiros meses de 2021 em relação aos outros meses. Também conseguimos reduzir custos e aumentar a entrega por delivery, algo que deu certo. Mas a missão continua e eu penso que precisamos constantemente avaliar os novos comportamentos sociais do mercado e público. Posso dizer que as palavras do momento são:  transformação e adaptação”. 

Consultoria aponta necessidades 

O especialista em consultoria empresarial Rennan Ribeiro enfatiza que o principal ponto que o empreendedor precisa ter em mente é que a pandemia, por si só, não quebrou ninguém desse segmento, porém, acentuou alguns problemas que, em sua visão, já eram recorrentes no mercado de alimentação do Tocantins. “Porque é um mercado que tem pouco profissionalismo e não lida muito bem com as inovações que o setor exige. O Empresário não cuida dos números como deveria. E nós quando fazemos a gestão de uma empresa, sem dados e sem números, é a mesma coisa de ir para a guerra com a venda nos olhos”, opina. 

O consultor aposta que nesse momento, o empresário, que produz a alimentação fora do lar, deveria usar o tempo ocioso da pandemia para aprender um pouco mais sobre gestão e pessoas. “As pessoas têm a ilusão que vendemos comida, mas comida elas têm em casa, ou seja, esses empreendedores precisam levar um diferencial, algo que faça a pessoa querer pedir um prato em seu estabelecimento, eles têm que ter a visão do cuidado com o cliente, com as pessoas. É necessário atrelar a ideia de que os empresários precisam primeiro cuidar de seu negócio, da visão interna e depois expandir”. 

Para colocar em prática essa ideia, Ribeiro acredita que o empreendedor deve buscar treinamento especializado para capacitação dos colaboradores na hora de servir o público. “O próprio colaborador deve acreditar no trabalho que ele faz. Investir na capacitação de colaboradores e proprietários. As pessoas entendem que não precisam ter esse cuidado, mas é errado esse pensamento. Os empresários precisam aproveitar a pandemia para capacitar as pessoas. Os cursos e capacitações são os motores que movem as empresas de sucesso. É preciso gerir não só a crise, mas a empresa em si”.

Sebrae aposta na capacitação

A diretora técnica do Sebrae Tocantins, Eliana Castro, afirma que o importante é os estabelecimentos de alimentação se adequarem ao novo cenário econômico em decorrência do período de crise e destaca a atuação da entidade.  “Desde o início da pandemia, o Sebrae tem oferecido cursos, palestras, consultorias e capacitações para orientar os empresários desse segmento”. 

Segundo ela, as capacitações são variadas, como: medidas e protocolos operacionais de segurança contra a Covid-19, qualidade e segurança alimentar, gerenciamento de fornecedores, como utilizar o delivery e ferramentas digitais para operacionalizar o negócio. “Em meio à pandemia e as medidas de distanciamento social, os empreendedores dos setores de bares e restaurantes têm buscado formas para conquistar e reconquistar os consumidores, através de novas estratégias e inovações em seus modelos de negócios. Elas também precisam cumprir todos os protocolos de higiene e segurança sugeridos pelas autoridades de saúde e focar na retomada das vendas”, ressalta a diretora.

A técnica também lista outras consultorias gerenciais e tecnológicas, 100% gratuitas e totalmente on-line oferecidas pelo Sebrae, que podem aprimorar os empreendimentos durante a pandemia. “Esses cursos são: análise do fluxo de caixa; formação do preço de venda; análise de custos fixos e variáveis; marketing e vendas; atendimento ao cliente; planejamento estratégico de vendas; protocolos de segurança para o negócio; desenvolvimento de website; desenvolvimento de mídias digitais; comunicação visual; controle e melhoria de processos; design de interiores e fachada e cardápio digital interativo”, finaliza.