Entre 2017 e 2018, mais de 20 mil novos domicílios surgiram no Tocantins, totalizando 519 mil casas e apartamentos. Dessas novas moradias, percebe-se um aumento de 8,1% no número de domicílios alugados, que subiu de 86 mil para 93 mil em um ano, maior do que a média nacional, de 5,3% na comparação com 2017. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2018.

O aumento no número de domicílios, porém, ainda não reflete uma mudança na cultura do tocantinense que prefere morar em casas, mesmo que de aluguel, conforme o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, Jannair Alves de Souza. “A nossa cultura tem uma busca maior por casas, sejam alugadas ou compradas, apesar de que segurança vem invertendo o processo aos poucos”, explica, lembrando-se de Palmas, que tem um aumento significativo no número de prédios e apartamentos, com 43,9% da população optando por esse tipo de domicílio.

O Tocantins conta com 503 mil casas em detrimento de 10.104 apartamentos. A preferência dos moradores fica ainda mais clara quando os dados mostram que em 2017 havia 14.469 mil apartamentos, número que diminuiu 30,17% em comparação com o ano passado.  

A agente comunitária Maria Eliane da Silva, de 48 anos, mora em uma casa alugada há cerca de 20 anos. O que diferencia a sua situação daquelas que moram em uma das 93 mil casas alugadas no Tocantins é que ela tem casa própria, que aluga para outra pessoa. “Eu comprei uma casa em 2012 no Jardim Aureny III, mas nunca cheguei a morar lá”, conta.

A explicação é prática: Maria trabalha na região Sul e, para ficar mais perto do emprego, sempre aluga casas próximas. “Fica mais cômodo e mais barato para mim, além da segurança, porque não preciso sair do trabalho tarde e ir lá para a região de Taquaralto”, explica a agente.

Com um domicílio pequeno de dois quartos em um lote com três kitnets na frente, a moradora divide com um amigo, tornando o aluguel mais em conta para o bolso. “Lá na minha casa, o aluguel é só R$ 30 mais caro que aqui, acaba ficando ‘elas por elas’, se não fosse pela qualidade de vida, até porque eu gosto de morar aqui, não tem pontos negativos para mim”, afirma.

Palmas

Na Capital, os números revelam uma situação contrária ao restante do Estado que moram mais em casas. De acordo com o IBGE, 43,9% dos palmenses moram em apartamentos e somente 3,4% em casas. Outro dado relevante é a quantidade de domicílios coletivos para população pobre, denominadas pelo Instituto como “Casa de cômodos ou cabeça de porco”. Ao todo, até o final de 2018, pelo menos 35,4% da população tem moradia nesses locais com condições insalubres.

 De acordo com o presidente do Creci, o palmense tem buscado mais segurança e a cidade, também por ser uma capital, tem se verticalizado. “Antigamente tínhamos muitas kitnets, agora por causa da segurança as pessoas estão preferindo flats, apartamentos de um quarto ou dois, esse produto começou a aparecer muito em Palmas”, comenta.

Apesar disso, Souza lembra que as constantes mudanças políticas e econômicas que afetaram o País e o Estado nos últimos anos levaram a uma diminuição da procura por moradias em prédios ou flats. Pelo IBGE, de 2017 para 2018, houve uma diminuição de 17% no número de apartamentos. “Até 2016, tínhamos de oito a dez empreendimentos novos por ano, mas hoje é um ou dois. Acredito que além da crise, os investidores estão muito inseguros porque não sabem como vai ficar a situação do País, com um novo presidente, governador, então devem esperar mais um tempo até começar a estabilizar”, explica o corretor.

Seja casa ou apartamento, o palmense também tem optado mais por morar de aluguel, embora com um aumento tímido de 2,29% no número de domicílios alugados na Capital. O maior percentual, no entanto, está na quantidade de pessoas que ainda estão pagando para conquistar o sonho da casa própria: 26,5%.

Para a autônoma Hayanne Martins, de 28 anos, a melhor escolha ainda é uma kitnet, tipo de domicílio comum em Palmas por ser uma cidade universitária. Com dois quartos, sala e cozinha conjugada, a jovem mora a nove anos de aluguel e só pretende sair direto para a casa própria.

“Eu ainda não tenho condições de comprar minha casa, então é a melhor forma que encontrei, dentro do que posso pagar. Além do mais, não gosto de apartamento porque tenho cachorro e gosto de fazer festas entre os amigos”, afirma a moradora.

Para ela, a quadra onde reside é segura, mas conta que já passou por outras muitas kitnets em locais com insegurança. “Melhor mesmo é uma casa, tem mais privacidade, segurança, mas ainda estou analisando se irei financiar ou construir”, completa.

Confira infográfico com dados detalhados: