A dona de casa Isabel Maria Pereira da Cruz, 60 anos, está desempregada desde março de 2020, quando iniciou a pandemia. A situação da senhora foi se agravando com o decorrer dos meses e, atualmente, ela conta que passa por dificuldades e depende da boa vontade de quem se comove co sua situação. “Eu estou com a água atrasada, a energia consegui pagar através de doações e estou vivendo com doações de cesta básica”. Segundo relatos da dona de casa, várias empresas já fecharam as portas e negaram uma vaga de emprego por causa da sua idade. “As pessoas acham que sou velha e não consigo trabalhar, mas dou conta perfeitamente de desempenhar as funções nos trabalhos de procuro”, narra.A entrevistada faz parte das estatísticas das pessoas que não conseguem trabalho no Tocantins. Conforme uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgada nesta quinta-feira, 17, o desemprego no Tocantins aumentou mais de três pontos percentuais no primeiro trimestre de 2021 em comparação ao mesmo período do ano passado. Ainda segundo o estudo, a taxa de pessoas desocupadas no Estado foi de 20,3% nos primeiros três meses deste ano, enquanto no mesmo período do ano passado, esse percentual era de 17,3%.O Dieese também aponta que os indicadores mostram que no Tocantins o número de pessoas desocupadas e em situação que desistiram de procurar emprego passou de 81 mil no primeiro trimestre de 2020 para 123 mil no mesmo período de 2021.Em relação ao número de pessoas ocupadas, a análise destaca que houve uma diminuição de 640 mil para 630 mil nesses três meses.Também segundo o Dieese, a proporção de pessoas desocupadas que estão procurando emprego há mais de cinco meses no Tocantins é 52,7% nos três primeiros meses deste ano. Enquanto que no primeiro trimestre de 2020, o percentual 42,4%.O departamento se baseou, para o período, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).BrasilEm todo Brasil, a taxa de pessoas desocupadas e que não acreditam que podem conseguir um emprego é de 19,5% nos três primeiros meses deste ano, com um total de 14,8 milhões de desempregados em todo País. Os indicadores do estudo mencionam que nos três primeiros meses do ano passado a taxa era de 16%, com 12,9 milhões de trabalhadores desocupados.Já o número de pessoas ocupadas no Brasil caiu de 92,2 milhões para 85,7 milhões no período comparado. A quantidade de pessoas fora da força de trabalho passou de 67,3 milhões para 76,5 milhões.Mais de 61,3% dos trabalhadores desocupados não encontram emprego no Brasil há mais de 5 meses. No primeiro trimestre de 2020 a taxa de pessoas nessa situação era de 49,6%.PandemiaPara o Dieese, a pandemia aprofunda o quadro de desestruturação do mercado de trabalho que já era grave. Ainda na opinião do departamento, a comparação do 1º trimestre de 2021 com o 1º de 2020, antes do início da pandemia, indica que o mercado de trabalho ainda está longe de dar sinais de recuperação.