Estimulados com a possibilidade de o ex-presidente do BC Henrique Meirelles assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo do atual vice-presidente Michel Temer, investidores do mercado financeiro passaram a especular sobre quem chefiará o Banco Central.

A reportagem apurou que, caso seja confirmado como ministro da Fazenda, Henrique Meirelles só apresentaria os nomes para a presidência e para a diretoria do Banco Central no início de junho, quando seriam então sabatinados pelo Senado.

Até lá, o atual presidente do BC, Alexandre Tombini, seria mantido no cargo. Funcionário de carreira da autoridade monetária, Tombini já trabalhou sob a gestão de Henrique Meirelles.

Nos bastidores, alas do PMDB, partido de Temer, cogitam nomes que passariam pelo crivo dos senadores.

OS FAVORITOS

Os nomes mais citados são Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú; Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, sócio da gestora Ibiúna Investimentos; e Mário Mesquita, sócio do banco Brasil Plural. Os três já foram diretores do BC -Azevedo e Mesquita, quando Meirelles foi presidente da instituição. Por fora, corre Eduardo Loyo, economista-chefe do BTG Pactual.

Gustavo Franco, ex-presidente do BC no governo FHC, também é citado por peemedebistas ligados a Temer.

A reportagem apurou que Franco terá uma conversa com Michel Temer, que também encontrará Murilo Portugal.

Ambos são nomes considerados para ocupar cargos na área econômica caso ele assuma o comando do país após um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Peemedebistas próximos de Temer afirmam, porém, que, apesar dos nomes sugeridos por eles próprios, Meirelles deverá escolher para a presidência do BC alguém com quem já tenha trabalhado durante o governo Lula.

MERCADO REAGE

Com a perspectiva de que uma nova gestão econômica destrave investimentos, o Ibovespa subiu 2,35%, acima dos 53.000 pontos, enquanto o dólar caiu para R$ 3,52, ajudado também pelo cenário externo mais favorável -a moeda americana se desvalorizou em relação à maioria das moedas no mundo.

Outro fator que contribuiu para a queda da cotação foi que o Banco Central não realizou, pelo segundo dia seguido, leilão de swap cambial reverso, equivalente à compra futura da moeda americana.

Analistas acreditam que isso deve voltar a acontecer quando a moeda americana se aproximar ainda mais da cotação de R$ 3,50.

Os investidores seguem de olho no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado. Porém, como a eventual saída de Dilma já está precificada pela maior parte do mercado, o foco passou a ser a montagem do governo Temer.

Indicadores que mostram a confiança de investidores e credores na recuperação da economia brasileira também apontaram para otimismo. O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote, recuou 3,51%, para 348,126 pontos.