Ao falar em nome de onze países na manhã deste sábado (22) nos Encontros de Primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacará que a "longa recessão está chegando ao fim" no Brasil e que a reforma da Previdência em discussão no país garantirá um futuro "justo" para as próximas gerações.

"A confiança vem crescendo no Brasil e há sinais de que a longa recessão está chegando ao fim. O crescimento deve ganhar impulso até o fim do ano, apoiando a criação de empregos e o aumento de renda real", dirá o ministro, segundo o documento divulgado antes de sua fala.

Meirelles falará na reunião em nome do grupo de 11 países que representa no fundo: Brasil, Equador, República Dominicana, Panamá, Nicarágua, Haiti, Cabo Verde, Guiana, Suriname, Timor Leste e Trinidad e Tobago.

Como vem fazendo desde que chegou a Washington, o ministro defenderá as reformas propostas pelo governo Temer, ressaltando a já aprovada PEC do teto de gastos.

"Outra peça-chave é a proposta enviada para o Congresso de reforma do sistema previdenciário, que previne uma trajetória explosiva para os compromissos de seguridade social e permite uma aplicação prudente do limite máximo de despesas", dirá, no FMI.

"Assegurar uma consolidação fiscal adequada é não apenas um requisito para o crescimento sustentável, mas também é justo para as gerações futuras, impedindo a transferência de um legado indevido de elevados encargos da dívida."

Meirelles também afirmará que o sistema financeiro do Brasil foi aprovado no "teste real de estresse da recessão". "Regulamentação prudente e supervisão ativa contribuíram para a solidez do setor financeiro", dirá.

A possibilidade de aprovação da reforma da previdência tem sido o tema de interesse geral sobre o Brasil nos encontros do FMI desta semana. Meirelles, que teve reuniões com investidores nos últimos dois dias em Washington, disse ter sido bastante questionado sobre a aprovação da reforma da Previdência.

"As pessoas estão acreditando que vai ser aprovada", afirmou aos jornalistas, acrescentando que, apesar da expectativa, "não é algo que está todo mundo parado, esperando". "O fluxo de investimentos para o Brasil tem sido continuamente forte. Mas é claro que pode consolidar-se na medida em que haja aprovação dessas reformas", disse.

As projeções feitas pelo fundo de um crescimento de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil neste ano -e de 1,7% para 2018- já levam em consideração a aprovação da reforma, e o FMI enviará uma equipe ao Brasil nas próximas duas semanas para fazer uma análise sobre como a reforma da Previdência deve ficar após as mudanças feitas no Congresso.

PROTECIONISMO

No momento em que os países-membros do FMI demonstram preocupação com as propostas protecionistas defendidas pelo novo presidente americano, Donald Trump, Meirelles fará críticas, em nome do grupo, a "medidas individuais" tomadas por países.

O grupo diz, no texto, que a globalização e o progresso tecnológico não beneficiaram de forma igual todos os segmentos da população, mas que a resposta não deve ser uma abordagem protecionista, como vem sendo vista "em alguns países".

"Ações devem ser tomadas pelos países membros não só individualmente, mas também multilateralmente para assegurar que as pessoas de todas as faixas de renda e em todo o mundo se sintam incluídas no progresso econômico", dirá Meirelles, em nome dos 11 países.