A inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acelerou para 1,16% em setembro. É a maior taxa para o mês desde 1994, quando o índice foi de 1,53%, informou nesta sexta-feira (8) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).O resultado veio um pouco abaixo das expectativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 1,25%. Em agosto, o IPCA havia subido 0,87%.Com o resultado de setembro, a inflação alcançou dois dígitos no acumulado de 12 meses. A alta dos preços nesse período chegou a 10,25%.Assim, o IPCA ampliou a distância frente ao teto da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O teto é de 5,25% em 2021. O centro é de 3,75%.Oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em setembro, com destaque para habitação (2,56%), que foi puxado pelo aumento de 6,47% na conta de energia elétrica.Em setembro, passou a valer a bandeira tarifária de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. No mês anterior, vigorou a bandeira vermelha patamar 2, em que o acréscimo era menor, de R$ 9,49. Além disso, houve reajustes tarifários em Belém, Vitória e São Luís.Essa escalada inflacionária ganhou corpo ao longo da pandemia. Em um primeiro momento, houve disparada de preços de alimentos e, em seguida, de combustíveis.Alta do dólar, estoques menores e avanço das commodities ajudam a explicar o comportamento dos preços.Não bastasse essa combinação, a crise hídrica também passou a ameaçar o controle da inflação neste ano. A escassez de chuva força o acionamento de usinas térmicas, o que eleva os custos de geração de energia elétrica. O reflexo é a luz mais cara nos lares brasileiros.Há ainda o efeito dacrise política protagonizada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). A turbulência em Brasília é um fator que joga o câmbio para cima.Em uma tentativa de frear a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) passou a subir a taxa básica de juros (Selic).Os preços em patamar alto, em um ambiente de juros maiores, desemprego acentuado e renda fragilizada, dificultam o consumo das famílias, sobretudo das mais pobres, e desafiam os investimentos das empresas.O presidente do BC, Roberto Campos Neto, projetou na segunda-feira (4) que a inflação atingiria seu pico em setembro pelo IPCA."Setembro deve ser o pico da inflação em 12 meses. A gente entende que existe um elemento de persistência maior e, por isso, estamos sendo mais incisivos nos juros", disse na ocasião.O mercado financeiro vem subindo suas projeções para o índice de preços. A estimativa mais recente é de IPCA de8,51% ao final de 2021, indicou o boletim Focus, divulgado pelo BC.Nesta semana, relatório da consultoria MB Associados sublinhou que a "inflação seguirá sendo um risco em 2022".Para parte dos analistas, o país pode embarcar em um período de estagflação. O fenômeno é caracterizado por combinar fraqueza econômica e preços em alta.IPCA no acumulado de 12 mesesVariação em %jan.21 4,56fev.21 5,2mar.21 6,1abr.21 6,76mai.21 8,06jun.21 8,35jul.21 8,99ago.21 9,68set.21 10,25%Fonte: IBGE