O ministro Paulo Guedes (Economia) tem que mobilizar o governo se quiser ajudar a aprovar a reforma administrativa, afirmou nesta terça-feira (16) o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).O deputado, que está em Lisboa (Portugal), concedeu entrevista à CNN Brasil e foi questionado sobre a fala do ministro em Dubai de que é necessário avançar com as reformas para que os liberais continuem apoiando o presidente Jair Bolsonaro em um segundo mandato.Lira, inicialmente, disse que comentar sem conhecer a íntegra das declarações de Guedes "geralmente não produz efeitos tão emblemáticos". Ele defendeu a necessidade "de se completar o ciclo de reformas com a reforma administrativa e com a reforma tributária."O presidente da Câmara afirmou que a administrativa está pronta para ser apreciada em plenário. "O ministro Paulo Guedes, numa fala própria dele, tem que mobilizar o governo para que o governo se mobilize se quer ou não ajudar na reforma administrativa.""Por enquanto, é o que eu venho dizendo. Eu não noto nem na sociedade civil organizada, nem no governo uma disposição de enfrentar esse tema agora", disse Lira. Segundo ele, agradando ou não a todos, a reforma precisa de mobilização para ir à frente."Se não houver, ela está pronta para qualquer momento neste governo, no próximo governo, no próximo ano, ou no começo de um novo governo ela possa vir a plenário e completar esse ciclo com relação a essas reformas", complementou.Sobre a tributária, Lira lembrou que a Câmara votou o projeto que muda as regras do Imposto de Renda e que está à espera de análise do Senado, que também deve apreciar a PEC (proposta de emenda à Constituição) 110, que substitui nove tributos."A [proposta] da CBS [que unifica PIS e Cofins], ela tem sido discutida com o relator e os diversos segmentos, ainda não veio ao colégio de líderes", ressaltou.As reformas administrativa e tributária são frequentemente citadas como fundamentais para melhorar a situação fiscal do país e para abrir espaço nas contas públicas para ampliar os investimentos.No entanto, erros na negociação política de ambas praticamente inviabilizaram as mudanças até o final do governo --a própria cúpula do Congresso admite publicamente que a janela de aprovação de matérias controversas terminava agora em novembro.Entregue em julho de 2020, a primeira fase da reforma tributária de Guedes até hoje não avançou na Câmara, onde começou a tramitar. O projeto que unifica PIS e Cofins na CBS nem sequer tem relatório.A Câmara também discutia uma PEC que previa juntar impostos federais, estaduais e municipais sobre o consumo em um único tributo. O governo e Lira atuaram para enterrar essa proposta.Já a reforma administrativa, enviada pelo governo em setembro de 2020, sempre foi vista como uma das mais difíceis de serem aprovadas por causa do forte lobby dos funcionários públicos no Congresso.A PEC foi aprovada na comissão especial na madrugada de 24 de setembro. Para que a proposta avançasse, partidos da base mudaram a composição do colegiado para reverter uma derrota --7 dos 8 deputados do Novo foram incluídos no grupo, entre titulares e suplentes.Por isso, a aprovação por 28 a 18 foi considerada por muitos como artificial, demonstrando a dificuldade que a proposta enfrentaria no plenário.