Depois de uma disputa pelo protagonismo na reforma tributária, Senado, Câmara e a equipe econômica do governo federal costuram um acordo para avançar na votação da proposta de reforma tributária. A ideia é criar uma comissão mista de deputados e senadores para elaborar uma proposta única de simplificação de tributos.A proposta que está sendo elaborada pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, deve ser apresentada nessa comissão.Um integrante da equipe econômica disse ao Estado que a proposta do governo "concilia" os textos das duas Casas e pode ter o seu "start" (começo) na comissão.Essa saída já foi discutida com o ministro Paulo Guedes, que está sendo cobrado a apresentar a sua proposta e busca uma saída conciliatória para não melindrar deputados e senadores. A negociação deve ajudar a deslanchar a votação da reforma tributária no Congresso. Tanto Câmara quanto Senado têm uma proposta de reforma tributária, o que tem dificultado o avanço da votação.A PEC da Câmara, apresentada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP) e idealizada por Bernard Appy, cria o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), substituindo três tributos federais (IPI, PIS e Cofins), o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal. A mudança ocorreria em uma transição de 10 anos até a unificação e em 50 anos até a compensação de eventuais perdas de arrecadação de Estados e municípios.Já o texto do Senado, assinado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e líderes partidários, recupera o conteúdo do relatório do ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) formulado na Câmara. Essa reforma também prevê a criação do IBS, mas com a extinção de nove tributos: IPI, IOF, PIS/Pasep, Cofins, Salário-Educação, Cide-Combustíveis (todos federais), ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Além disso, Hauly avança e propõe o Imposto Seletivo para bens e serviços específicos. O IBS não tributaria medicamentos e alimentos, considerados essenciais para a população.A dificuldade, no momento, é a questão regimental, segundo Alcolumbre. Ele antecipou hoje os primeiros detalhes para a criação da comissão mista da reforma. “Eu conversei com o presidente (da Câmara dos Deputados) Rodrigo Maia, ele também acha que é uma possibilidade. A gente tem que buscar uma forma regimental e tentar construir", declarou. Alcolumbre cobrou do governo federal um engajamento na proposta.Uma comissão mista seria possível após conversas com os líderes da Câmara e do Senado, ressaltou Alcolulmbre, que prometeu buscar um consenso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou ao Estado que a União do Congresso na reforma tributária será "uma sinalização forte de Brasil moderno". Segundo Maia, Alcolumbre, vai comandar a solução, como presidente do Congresso.