A Getnet, do Santander Brasil, vai passar a oferecer portabilidade de maquininhas de cartão a microempreendedores. Terceira maior do setor, a empresa pretende adicionar entre 300 mil e 400 mil novas maquininhas até o fim de 2020. Com a portabilidade, a Getnet tentará atrair microempreendedores que usam maquininhas de concorrentes, como Cielo, Credicard e Pagseguro. Para atraí-los a mudar de adquirente, a empresa oferece taxa única de 2% nos cartões de débito e crédito à vista e pagamento em dois dias.

A Getnet pretende atrair os usuários de terminais de leitura de cartões próprios, conectados com um celular e compatíveis com o sistema da empresa. Maquininhas que operam no sistema de aluguel estão fora da iniciativa.

O mercado potencial para a portabilidade de maquininhas soma entre 3 e 4 milhões de terminais, enquanto que o número de microempreendedores no Brasil chega a 20 milhões. “Não estamos aqui para vender máquina”, disse Pedro Coutinho, presidente da Getnet. “Estamos aqui para vender solução.”

O movimento deve provocar uma nova rodada de corte nas taxas praticadas no mercado de maquininhas. Conforme ele, os clientes que optarem pela portabilidade podem sacar seus recebíveis em qualquer banco ou cartão pré-pago. Não há, segundo Coutinho, vinculação para que o microempreendedor receba seus pagamentos no Santander. “Isso iria totalmente contra nossa estratégia, que é permitir o Direito da escolha do cliente”, disse. Para ele, os novos clientes passarão a ser rentáveis ao longo da vida de relacionamento com a Getnet.

Atrair esses microempreendedores para terem conta no banco será um desafio do Santander, segundo José Roberto Machado, diretor-executivo da pessoa física da instituição. “Queremos acessar esse público e vender nossa maquininha, com a nossa proposta 222: taxa fixa de 2%, pagamento em dois dias e venda da máquina por 12 vezes de R$ 2”, disse o diretor do Santander.

O Itaú Unibanco afirmou que é a favor da portabilidade de maquininhas de cartões de crédito e débito, setor em que atua por meio da Rede. “Somos favoráveis a movimentos de inovação que tragam benefícios aos clientes. Fizemos isso ao zerar o custo de antecipação e anunciar o iti, uma opção adicional para pagar e receber com taxa de MDR de 1% e sem a necessidade de maquininha. Acreditamos que a portabilidade esteja em linha com isso”, informou o banco, em nota ao Estadão/Broadcast.

Coutinho afirmou que a empresa está disposta a abrir todas  suas maquininhas, tornando-as compatíveis à portabilidade, caso o mercado de cartões também faça o mesmo movimento. “O mercado deveria aderir à portabilidade. Estamos dispostos a abrir todas as nossas maquininhas desde que o mercado também abra”, disse.

O mercado brasileiro conta com um parque de cerca de dez milhões de maquininhas, considerando todos os modelos existentes. Alguns terminais, contudo, são bloqueados, o que inviabiliza a portabilidade. Assim, é necessário que as donas das maquininhas destravem os aparelhos para que, então, a troca de empresa seja feita como ocorreu no passado com o segmento de telefonia celular.