A metade do primeiro mês de 2020 já passou e o que mais se escuta das pessoas nesse início de ano é sobre as tais metas a serem cumpridas. Em relação a dinheiro isso não é diferente. Muitos já almejam uma viagem para o litoral no final do ano, o primeiro carro novo e o término da construção da casa própria. Porém, entre o sonho e a conquista há uma barreira: as dívidas.De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pelo Instituto Fecomércio no ano passado, em dezembro de 2019 o total de endividados em Palmas em valores absolutos era de 58.470 pessoas, entre elas, 10.969 estavam nessa condição por contas em atraso e 451 consumidores não tinham condições de pagar. A porcentagem de endividados subiu de 69% em dezembro de 2018 para 71% em dezembro de 2019.Os principais tipos de dívida elencados no levantamento foram cartão de crédito (81,5%), financiamento de carro (22,8%) e carnês (18,1%). É com a primeira opção que muitos perdem o controle do dinheiro gasto, como é o caso de Taygo Melo Albuquerque, de 25 anos. Em dezembro de 2019, mês do levantamento, o estudante, que trabalha como estagiário, teve que renegociar a fatura do cartão em três vezes para conseguir pagar. “Às vezes estou na rua e vejo a facilidade dos transportes alternativos, acabo usando o cartão sem nem ver o que gastei, mas quando chega a fatura o orçamento está estourado”, relata.Sobre as metas, ele se organiza e pretende aproveitar bastante a temporada de férias. “Coloquei tudo em agendas para fazer os planos e torço para não me perder. Quero manter essa organização para economizar e quem sabe comprar um pacote de viagens no final do ano”, concluiu, esperançoso.Já para Altamiro Aguiar de Souza, de 49 anos, o cenário é diferente. Por trabalhar como autônomo há 20 anos, costuma ganhar mais que pessoas com um salário fixo, porém, depende muito de como anda a demanda de obras, pois atua no ramo de pinturas de construção civil.“O autônomo tem que ter dinheiro para conseguir ganhar dinheiro. Não é igual alguém que trabalha em uma empresa e ganha o seu salário, vale transporte e vale alimentação no final do mês. É um meio complicado”, pontua.Na Capital há três anos, percebe que está aos poucos formando uma clientela, mas que ainda não dá para poupar dinheiro. “Não estou guardando porque o dinheiro que está entrando agora ainda não é o suficiente. A minha intenção é reformar meus dois imóveis, vender um deles e depois organizar minha vida para tudo ficar mais tranquilo”, afirmou.Foco e direcionamento dos gastos são as estratégias utilizadas por Mariana Rafaela De Conti e Souza, de 24 anos. A fisioterapeuta diz que tem a mãe como exemplo na hora de economizar. “Sigo muito os passos dela de tentar não comprar mais do que aquilo que posso pagar e também não fazer compras a prazo, porque a gente fica parcelando e quando vê vira uma bola de neve e tem muito mais coisas para pagar do que dinheiro para receber”, afirmou.Com um emprego para iniciar somente em março, Mariana vai precisar segurar as pontas até lá. Enquanto isso, guarda dinheiro na poupança e gasta mais com a pós-graduação e a autoescola.“Quero comprar uma máquina de lavar então também estou fazendo economia para ver se consigo. Não costumo gastar com besteira não, mais com comida, e às vezes fico admirada em ver as faturas no final do mês e perceber que gastei tanto com isso”, constatou.É importante ter autocontrole, mas ela admite que não é fácil. “Tento não me deixar levar, passei em frente a uma loja agora a pouco, vi umas roupinhas, mas disse para mim mesma que não ia entrar lá”, brincou.MercadoMesmo com o alto índice de inadimplentes, apenas 1% dos entrevistados pela PEIC se consideraram muito endividados e 80% desse total afirmou não possuir dívidas em atraso na família. De acordo com o economista Higor de Sousa Franco, a disparidade dos números pode ter ocorrido pela pesquisa considerar as compras a prazo cujas parcelas não foram quitadas em sua totalidade.“Na minha opinião, o nível de endividamento leva em conta parcelas em atraso ou em aberto. Se o consumidor faz um financiamento imobiliário ou compra uma geladeira a prestações, por exemplo, e paga essas parcelas em dia assim como as contas de água e energia, ele honra o seu compromisso e nesse caso, considero essa família adimplente”, explica.Para o economista, a previsão é que 2020 seja um ano bem aquecido na economia, principalmente para o palmense. “A moeda tende a circular com mais facilidade no mercado justamente porque o palmense não para de consumir, mas consome com consciência e isso é muito importante porque a economia gira de forma saudável”, afirmou.Aos interessados em fazer investimentos, o ano de 2020 é excelente devido à estabilidade e diversas opções presentes no mercado tocantinense, segundo o especialista. Porém, o planejamento estratégico é necessário. “O nível de investimento tanto para empresários quanto para títulos, bolsa, poupança, tende a aumentar neste ano”, conclui.Dicas e investimentosSegundo Franco, a palavra-chave para evitar dívidas é o acompanhamento dos gastos familiares. Somente a partir disso é que se pode ter ideia de quanto dinheiro gastar e com qual finalidade.“A família pode escolher a opção de fazer um investimento ou honrar com a antecipação de parcelas a serem vencidas. Isso ajuda o consumidor a amortizar juros, conseguir descontos nas parcelas e é um benefício porque o valor que seria pago nos juros pode ser aplicado em um investimento ou na compra de qualquer outro tipo de produto ou serviço”, comenta.A coleta de dados da PEIC é realizada sempre nos últimos dez dias do mês anterior ao da divulgação da pesquisa. Assim, os dados da PEIC do mês de dezembro de 2019 foram coletados nos últimos dez dias do mês de novembro/2019.-Imagem (1.1974330)-Imagem (1.1974332)-Imagem (1.1974333)-Imagem (1.1974335)