Quatro em cada dez empresários (39,4% de uma amostra de 800 entrevistados) afirmaram que está difícil ou muito difícil conseguir crédito no Brasil no atual cenário de recessão econômica e juros altos. Em julho, eram 32,9%, segundo uma pesquisa inédita do Serviço de Proteção Brasil (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).O levantamento apontou que entre esses empresários pessimistas em relação à obtenção de crédito, 40,3% apontaram a burocracia como principal barreira, seguida pelas altas taxas de juro praticadas pelo mercado. Outros 9,8% reclamaram que os bancos estão exigindo faturamento mínimo para abrir linhas de financiamento a esse grupo.Mesmo com necessidade de capital de giro, apenas um em cada dez empresários (10,3%) mostrou disposição em buscar crédito nos próximos 90 dias, segundo a pesquisa. A principal finalidade dos recursos é capital de giro, de acordo com 58,5% dos entrevistados. Outros 17,1% dos que pretendem buscar crédito informaram que pretendem quitar dívidas com os recursos.“Tomar crédito para pagamento de dívida, num percentual relevante, significa que esses empresários estão tendo dificuldades para honrar seus compromissos”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.ExpectativaO presidente da CNDL, Honório Pinheiro, avalia que o baixo apetite por crédito é resultado das dificuldades econômicas atuais. Com a expectativa ruim para este ano e 2016, os empresários ficam reticentes em assumir compromissos financeiros de longo prazo.“Essa situação leva muitos pequenos e micro empresários a recorrer a recursos próprios como alternativa aos financiamentos de bancos, já que os juros seguem muito altos”, explica Honório.Do total da amostra da pesquisa, apenas três em cada dez (28,9%) afirmaram que pretendem fazer algum tipo de investimento nos próximos três meses. Entre aqueles que pretendem investir, 76,2% disseram que pretendem usar capital próprio, sem recorrer a empréstimos. Outros (4,8%) afirmaram que vão vender algum bem (4,8%) para fazer o investimento e outros 2,2% obterão os recursos através de um empréstimo feito por um parente.