Até depois do Carnaval o ano ainda está começando para muita gente no Brasil, segundo reza a tradição popular. No entanto, de acordo com o calendário civil crenças, promessas e metas de ano novo começam em dezembro, nos habituais balanços de início de ano e provocam algumas mudanças de comportamento que podem durar mais ou menos, dependendo da atividade, conhecimento, estágio de vida e principalmente da perseverança pessoal.

Entre as metas e desejos definidos para tornar o período que se abre como o que vai promover uma revolução na vida constam principalmente o desejo de conseguir melhor qualidade de vida, ter mais tempo livre para família e amigos e organizar a vida financeira.

Neste contexto econômico, a educadora financeira Zenir Campos diz que ter uma vida organizada, que possa corresponder aos anseios de cada etapa da vida. De acordo com a especialista a educação financeira deve ser introduzida na vida das pessoas ainda na infância. Ela recomenda que quando a criança demonstrar interesse em adquirir algo, um brinquedo por exemplo, é importante que os pais estejam disponíveis e saibam aproveitar a ocasião para introduzir de forma leve noções de economia doméstica na aprendizagem dos filhos.

“Essa é uma ocasião em que podemos falar sobre como ganhamos, guardamos e gastamos ou investimos nosso dinheiro ao comprar algo. Essa experiência pode iniciar inclusive antes mesmo da vida escolar”, ressalta Zenir.

Ela explica que é na infância que a criança precisa começar a aprender que o dinheiro é algo que devemos conquistar. “É responsabilidade dos pais iniciar o ensino de onde vem o dinheiro e como devemos cuidar dele e que este é um recurso escasso e que tem diversas funções práticas para a nossa vida e para ajudar outras pessoas”, destaca.

Zinir diz ainda que é importante auxiliar os menores a conhecer a diferença entre valor e preço. “As vezes a criança quer um tênis com luzes e rodinha, que é  mais caro. Mas qual o valor real que deve ter um tênis? Proteger o pé. E qual o preço que vamos pagar por um tênis com estes acessórios?”, ensina Zenir, acrescentando que não é negar aos filhos estes desejos, mas ensiná-los sobre o que é essencial em cada objeto que se deseje adquirir.

A educadora financeira explica que a partir da idade escolar os pais podem contar com a ajuda pedagógica nesta tarefa de educar as crianças para lidar com questões financeiras quando estas chegarem à idade adulta. “Algumas escolas mantêm disciplinas ou atividades que tratam de economia, já no ensino fundamental. São aulas que discutem sobre negociações, compras, ganhos e assim ajudam a formar cidadãos conscientes sobre as competências para administrar bem a vida”, explica Zenir Campos.

A especialista recomenda ainda que para manter as contas em dia, que cultivem bons hábitos financeiros. “Elaborar um planejamento exige esforço e dedicação, é necessário ter disciplina, porém nos ajuda a viver sem surpresas desagradáveis. Poupar deve ser pensado a longo prazo, primeiro para formar uma reserva de emergência, calculada conforme as necessidades da família e na sequência pensar em planejar investimentos para o futuro, como a compra de um imóvel ou a faculdade dos filhos”, conclui.

Na escola

Dentro desta perspectiva de aprender na infância para chegar à vida adulta melhor estruturado, o estudante do sétimo ano de uma escola privada de Palmas, Yan Vieira Barros, conta que já pensa em seu futuro, mesmo sabendo que ainda tem muito tempo para decidir o que vai fazer no futuro. Em 2018, sua escola ofereceu a disciplina Dom Empreendedor, que ajudou os alunos a desenvolverem um projeto de empreendedorismo.

“Meu projeto foi na área de hotelaria e turismo. Contei com a ajuda de minha professora e fiquei animado, talvez eu até possa utilizá-lo no futuro”, conta Yan, que, igual a maioria das crianças em as idade, ainda não definiram no que vão calçar suas vidas profissionais.

“Penso em ser um astrofísico ou biólogo, mas também tem outras coisas que posso fazer, ainda tenho tempo até decidir”, reflete.

Segundo Yan, neste ano ele deve fazer uma disciplina mais específica de educação financeira, na grade regular de sua escola. Ele diz ainda que este não costuma ser um assunto recorrente em sua casa, mas que é discutido oportunamente. “Não falamos disso sempre, mas às vezes conversamos em casa sobre economia e que é preciso aprender sobre economia e planejar para chegar ao futuro”, finaliza.