O dólar teve novo dia de valorização nesta terça-feira, 30, influenciado pelo noticiário internacional. Declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a China e indicadores mistos da economia americana acabaram fortalecendo a moeda americana no mercado internacional, influenciando os negócios aqui. Com o noticiário local esvaziado, a liquidez seguiu baixa no mercado futuro, que influencia os preços no segmento à vista, indicando que os agentes estão evitando fazer apostas mais firmes antes do final da reunião da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) e do Banco Central do Brasil, ambas nesta quarta-feira, 31. O dólar à vista fechou em alta de 0,22%, a R$ 3,7915, perto das máximas do dia.

Trump declarou que se for reeleito, as negociações comerciais com a China serão "duras". Mais tarde, falou que as conversas "estão indo bem". Além disso, ele defendeu um corte mais radical de juros pelo Fed. Investidores também monitoraram uma série de indicadores divulgados hoje nos EUA. Um deles, a confiança do consumidor, veio bem melhor (135,7 pontos) que o previsto (124,8), ajudando a reforçar a visão de que o ciclo de corte de juros na economia americana pode não ser tão intenso.

"Enquanto permanece o debate sobre o tamanho da primeira redução, o mercado continua a precificar com a certeza de 100% de que haverá um corte", afirma a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza.

Para os estrategistas do Rabobank, o Fed deve cortar os juros em 0,25 ponto porcentual, mas os fluxos de capital para emergentes em busca de retorno maior, que ajudaria a valorizar estas moedas, não devem repetir o que ocorreu em outros períodos. Para ele, as negociações comerciais entre a China e os EUA devem manter os investidores em alerta e limitar maiores movimentos, na medida em que um acordo entre as duas maiores economias do mundo não deve ser alcançado em breve.

No caso do BC brasileiro, os economistas do Citibank, Leonardo Porto e Mauricio Une, acreditam que o possível corte de juros pela Banco Central nesta quarta-feira, aliado a aprovação da reforma da Previdência vai levar a uma apreciação do real. Eles preveem a moeda americana em R$ 3,68 ao final do ano e R$ 3,66 ao final de 2020, na ausência de choques externos. Para os economistas, a previsão de que a economia fiscal da Previdência deve ficar em R$ 750 bilhões já parece "conservadora". No cenário externo, o Citi não vê uma escalação da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos.