O dólar fechou em alta contra o real nesta quarta-feira (11), depois de ficar estável por dois dias. A moeda americana subiu 0,5%, a R$ 5,4190. O turismo está a R$ 5,567.

O fortalecimento do dólar no exterior deu respaldo ao movimento local, em um contexto em que moedas emergentes, que se valorizaram nos últimos pregões, devolveram parte dos ganhos recentes.

Já a Bolsa de Valores brasileira recuou 0,25%, a 104.808 pontos, reflexo de realização de lucros, quebrando uma sequência de seis pregões de alta.

A alta do dólar ocorreu em meio a comentários do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que foram interpretados como sinais de que o governo buscará a todo custo manter algum tipo de ajuda financeira a mais vulneráveis em 2021, depois do projetado fim do auxílio emergencial ao término de 2020.

Em evento na terça (10), Bolsonaro destacou que o auxílio emergencial acaba em dezembro. "Como ficam os 40 milhões que perderam tudo?", questionou.

No mesmo dia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que o auxílio emergencial pode voltar a ser pago à população no ano que vem, mas apenas caso o país seja atingido por uma nova onda do coronavírus.

Para o mercado, o entendimento é de que seguem riscos de flexibilização do teto de gastos, principal âncora fiscal do país.

"Eliminamos o risco da eleição americana e o risco da pandemia diminuiu. Ficamos agora com as questões domésticas: endividamento público e maior risco geral com uma Selic nas mínimas", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, para quem o juro básico da economia, atualmente em 2% ao ano, deveria estar em 4,5% para acomodar os riscos.

"Não temos hoje nenhuma sinalização de movimento eficaz para resolver o problema do déficit público. E existe uma inatividade no governo, caminhamos para mais um trimestre perdido", afirmou.

Nesta quarta, os juros futuros também passaram por correção e taxas de longo prazo dispararam cerca de 20 pontos-base. Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para os juros de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.

As ações de Petrobras e de bancos, que tiveram fortes altas nos últimos pregões, cederam nesta quarta, contribindo para a queda do Ibovespa. As ações preferenciais (sem direito a voto) recuaram 0,86%.

"É um movimento bem plausível visto as altas que tivemos nos dias anteriores", afirmou Leonardo Peggau, superintendente de Operações e sócio da BlueTrade, classificando a queda como uma correção normal de mercado e não descartando novos ajustes, mas ressaltando que continua otimista com a Bolsa.

Na visão de Peggau, mesmo uma segunda onda de Covid-19 não deve abalar o mercado como ocorreu em março. "O mercado tem medo de incerteza, do que não sabe, não conhece", afirmou, avaliando que já há um melhor entendimento sobre os reflexos da doença, bem como a capacidade do mercado de reajustar.

Ele chamou a atenção para salto de capital externo positivo em novembro no mercado secundário de ações brasileiro, como sinal adicional do viés mais otimista, com investidores assumindo risco, principalmente em emergentes. No mês, até o dia 9, o saldo esta positivo em R$ 7,76 bilhões.

Também no radar esteve o rebalanceamento dos índices MSCI Global Standard que entrará em vigor a partir de 1º de dezembro, e que no caso do MSCI Brazil incluiu as ações de Alpargatas, Bradespar e Totvs. Os papéis de Braskem, Cielo, Cogna, IRB Brasil e Porto Seguro foram excluídos.

Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq fechou em alta de 2% , com investidores voltando a comprar ações de tecnologia depois de recuar por dois dias. Microsoft e Netflix subiram mais de 2% cada uma e Amazon e Apple tiveram altas superiores a 3%.

O Dow Jones teve variação negativa de 0,08%, e o S&P 500 ganhou 0,77%.