A crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19 deve fazer com que 3,8 milhões de domicílios brasileiros entrem para as classes D e E. A piora na condição social pode atingir 15 milhões de pessoas.

Os dados estão presentes em 1 estudo da consultoria Tendências, divulgado pelo G1 nessa terça-feira (25). Segundo a empresa, essas 15 milhões de pessoas passariam a ter renda domiciliar inferior a R$ 2,5 mil mensais. Até o fim do ano, 41 milhões de lares farão parte das classes D e E se as previsões do estudo se concretizem.

A Tendências estima que a renda das classes D e E deve subir 6,8% em 2020. Mas isso se deve pelo pagamento pontual do auxílio emergencial e não representa uma melhora real ou duradoura.

A piora no cenário é justificada pela deterioração dos mercados de trabalho formal e informal. O estudo mostra que a classe C é a que mais está sentindo os efeitos econômicos do isolamento social. É daí que virá a maioria dos novos integrantes das classes D e E.

A economista e sócia da Tendências, Alessandra Ribeiro, diz que quando é observado o impacto da pandemia no mercado de trabalho, verifica-se que os empregos mais formais ou ligados a posições que exigem maior escolaridade sofrem menos. Por isso, para ela, “o grosso [do impacto] é realmente sobre a classe C”.

O diretor executivo da consultoria Plano CDE, Maurício Prado, analisa que os integrantes da classe C trabalham majoritariamente no setor de serviços, profundamente afetado pela pandemia. “Toda a parte de alimentação, de lojas, lazer fora de casa, mesmo cabeleireiro, cosmética. Todos foram muito prejudicados. Isso impacta o emprego dessa classe C, esse emprego de serviços“, diz.