Mãe de três crianças e esperando a quarta, a do lar Samirah Vitorino, de 29 anos, faz parte do universo das mais de 76 mil famílias tocantinenses beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), que tiveram o benefício suspenso, e passaram a receber o Auxílio Emergencial do Governo Federal em virtude da pandemia da Covid-19. No País, são 14,69 milhões de famílias nessa situação, que receberam o valor em junho. Antes, Samirah recebia R$ 212,00 pelo Bolsa Família, com o Auxílio Emergencial passou a receber R$ 375,00. “Com o aumento ajudou bastante, qualquer dinheiro que entra já ajuda. Só que pra mim que sou mãe solteira com três crianças e grávida de novo, não é o suficiente”, desabafa, a jovem grávida de seis meses à espera da segunda dose da vacina contra a Covid-19, prevista para agosto em seu cartão de vacina. O desafio diário da jovem é equilibrar as contas com esse valor: “conta d e água e energia é uma coisa que tem de ser colocada como prioridade ainda mais porque tenho filhos pequenos, e a alimentação das crianças também têm de ser”, relata. Entretanto, a jovem afirma que essa distribuição é complicada devido aos altos preços. “Agora ainda mais conta de energia que agora vai aumentar”, lembra ao falar sobre reajuste tarifário com efeito médio de 3,04% para clientes residenciais e comerciais. PandemiaEssa situação de Samirah se complica ainda mais devido à pandemia. “Antes eu fazia faxina, o que aparecia. Mas desde o início da pandemia ficou difícil conseguir um extra. As pessoas têm medo, por não conhecer a gente direito, de correr o risco de adoecer. Acabam cortando esse tipo de serviço”, relatou. Outra dificuldade da jovem é com relação a com quem deixar os filhos. “Deixar as crianças com outra pessoa é difícil. O valor para cuidar fica pesado. E o que eu recebia com uma faxina não dá para arcar com as coisas de casa e ainda pagar alguém”, explica. TocantinsNo Tocantins, são 76.783 famílias tocantinenses que estão nessa situação, conforme o relatório fornecido pelo Ministério da Cidadania à Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas). O relatório traz os dados com base na folha de pagamento do mês de julho, que no Estado pagou o montante de R$10.525.059,00.Ainda segundo os números do Ministério, no Estado 122.073 famílias recebem o benefício do PBF, sendo que 45.290 famílias continuam recebendo o benefício do Bolsa Família por não terem perfil para receber o auxílio emergencial – com média do benefício de R $232,39. Já os demais tiveram o PBF suspenso e estão recebendo o auxílio emergencial, com valor médio de R $315,30. Esses beneficiados são aqueles que recebiam um valor menor do programa e passaram a receber o auxílio emergência. Essa mudança aconteceu automaticamente e depois do pagamento das parcelas do auxílio, as famílias voltarão a receber o valor da bolsa normalmente.Ainda segundo os números cruzados pelo Estado, a estimativa de famílias vulneráveis no Tocantins é de 131.865, sendo que 300.926, se inscreveram para receber o Auxílio Emergencial 2021, o que corresponde a um percentual de 22,69% da população.Para coordenadora estadual do Cadastro Único e PBF, Carmem Vendramini, a medida é de suma importância para atender às famílias do Programa NacionalConforme o Ministério da Cidadania, no País são 14,69 milhões de famílias beneficiadas pelos recursos do Governo Federal em junho. O valor total da folha de pagamentos será de R$ 2,92 bilhões. A maior parte é composta por mulheres chefes de famílias, que receberão R$ 375 cada, como o caso de Samirah. Outros 33,4% da folha vêm dos beneficiários que receberão o valor padrão de R$ 250. Outras 15,7% das famílias são unipessoais, e cada uma receberá R$ 150.Além disso, outras 5,13 milhões de famílias que não foram consideradas elegíveis ao Auxílio Emergencial continuam a receber o benefício usual do Bolsa Família. Nesse caso, o valor total da folha de pagamento é de R$ 1,2 bilhão, com benefício médio de R$ 237,87. O Auxílio Emergencial do Governo Federal foi instituído pela lei 13.982/20, que estabelece medidas de apoio à população em virtude dos impactos econômicos da pandemia da Covid-19. Os beneficiários começaram a receber o auxílio a partir de 16 de abril de 2020, respeitando o calendário regular de pagamentos do PBF.