Consultas e procedimentos médicos com preços acessíveis e que se tornam, além de uma grande alternativa de negócio, um agente social com objetivo de democratizar o acesso à saúde às camadas mais populares da sociedade, têm ganhado espaço na Capital.

Algumas organizações trabalham como intermediador entre pacientes e profissionais parceiros, que atuam em seus espaços, já outras empenham-se no atendimento em apenas um local, as famosas clínicas populares. O diferencial em ambos os negócios é o preço acessível onde uma consulta em um oftalmologista, por exemplo, que custa no particular algo em torno de R$ 250, pode ser encontrada pelo valor médio de R$ 100.

Agilidade e qualidade no atendimento são os pontos mais destacados pelas organizações que viabilizam atendimentos médicos por meio de parcerias com profissionais que cobram pela consulta, porém com um preço mais acessível para quem não pode pagar um plano de saúde e precisa de uma alternativa ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O tempo de espera por uma consulta pelo SUS pode chegar a seis meses, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). “Eu estava com um problema sério no coração e no hospital recebi a notícia de que os exames que precisava fazer com urgência não estavam disponíveis naquele momento e que precisaria enfrentar uma fila de espera, ou fazer particular. O meu gasto seria de mais de três mil e não tinha como fazer. Foi então que um amigo me falou de uma clínica popular e consegui reduzir em mais de 60% o valor final”, conta o pedreiro, João Batista Silva, um dos beneficiados pelo advento das clínicas populares no Tocantins.

A proprietária de uma clínica popular recentemente aberta em Palmas, Eucione Nere de Assis, afirma que a ideia do empreendimento surgiu da necessidade de inovar e oferecer comodidade ao público de baixa renda. “Pensamos em um espaço específico para o cliente ter um atendimento de qualidade, sem andar de um lado para outro e com um valor que caiba no bolso”, explica.

A clínica popular oferece o espaço para o profissional parceiro fazer o atendimento, que acontece todo no mesmo lugar e o pagamento das consultas é feito na própria clínica. No caso do espaço de Eunice, o valor para uma consulta com o clínico médico é R$ 100 e para especialidades é de R$ 130. “Temos profissionais parceiros em várias especialidades como cardiologista, dermatologista, gastroenterologista e diversas outras com valores populares. Não adianta jogar o preço lá em cima e não atender o nosso público alvo”, relata a empresária ao lembrar que os preços são possíveis graças a parceria com os médicos.

Outra modalidade em ascensão é a que funciona como mediadora aos serviços médicos. Neste caso a empresa funciona como uma alternativa ao plano de saúde convencional e oferece uma rede de profissionais credenciados.

O diretor executivo de uma empresa com esse perfil que atua no Tocantins, Paulo Massuia, explica que oferta duas possibilidades de cartão de acesso à saúde. Um sem mensalidade, mas com cobrança de R$ 20 por guia emitida, para pessoas que ganham um salário mínimo e outro com uma mensalidade de R$ 45 que além de permitir o acesso a consultas e exames, oferece internação e cirurgia. “Não é desconto, são valores diferenciados”, alerta Massuia ao exemplificar que uma cesariana na rede particular custa em torno de R$ 10 mil e pelo cartão, que dá acesso aos prestadores credenciados, o valor cai para R$ 5,2 mil.

A dinâmica do atendimento é feita da seguinte forma: o usuário emite o cartão mediante uma taxa de R$ 20 e já começa a utilizar os descontos. Neste caso, no Tocantins, são mais de 110 prestadores credenciados e mais de 200 pacotes de cirurgias, onde o cliente busca o profissional, vai até a clínica e ao apresentar o cartão consegue o desconto. O pagamento é feito ao próprio prestador e uma consulta, por exemplo, varia de R$ 80 a cerca de R$ 150.

“Desta forma os prestadores do serviço recebem o valor na hora da consulta e por isso preferem atender o cliente com o cartão do que os com plano de saúde. O usuário também fica satisfeito por não precisar esperar pelo SUS ou ainda pelos planos de saúde, que têm demorado no atendimento. O serviço público também ganha, pois é possível tirar milhares de pessoas da fila de atendimento”, avalia Paulo Massuia.