Após cerca de três meses fechados, shoppings, bares, restaurantes e academias voltam a funcionar na próxima segunda-feira, 15, na Capital, conforme determinação do Decreto nº 1.903, que visa à retomada gradual do comércio palmenses durante o período da pandemia. Esses locais devem seguir uma série de procedimentos e protocolos para a reabertura elaborados com medidas gerais e específicas, de acordo com o serviço ofertado, junto com as comissões de saúde e representantes de cada setor. 

Apesar dessa retomada, o impacto nos setores comerciais já foi sentido e relatados pelas entidades representantes dos empresários, com quedas de faturamento, demissões e até mesmo fechamento de locais. No setor dos empreendimentos alimentícios, para a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Tocantins, Ana Paula Setti Nogueira, foi um dos mais impactados por ser um dos primeiros a parar. “Nesse período de fechamento, dos associados da Abrasel, 31% estão com as atividades 100% encerradas, por não ter nenhum tipo de atendimento, por delivery ou similares”, conta.

Desde 18 de março, após o decreto de fechamento houve um grande número de demissões, sendo 1,2 mil pessoas com emprego formal e ao menos mais 500 com empregos informais. Além disso, na Capital existem 2.357 estabelecimentos entre bares e restaurantes, sendo que neste período, 40% dos estabelecimentos encerraram as atividades e podem não retornar. Além disso, o faturamento caiu em 80% no setor. Esses dados apresentados pela Abrasel são do Sindicato dos Garçons e Empregados em Hotéis, Bares, restaurantes e Similares (Singarehst) e de um levantamento por região da Abrasel Nacional. 

Para a presidente Ana Paula, com a volta do funcionamento na próxima semana, a expectativa é alta. “Entretanto, sabemos que não será uma dinâmica de volta normal, primeiro porque temos a restrição de 50%, já metade do faturamento esperado, além de que o público que pretende voltar a bares e restaurante também voltará de forma gradual e consciente. Com certeza não teremos a recuperação antes de um ano ou um ano e meio. O que devemos agora é passar a segurança aos nossos clientes de que os atendimentos seguiram os protocolos”, finaliza, ao lembrar que a Associação está oferecendo uma capacitação para os colaboradores dos estabelecimentos sobre as medidas de proteção.

Mudanças 

Já para o empresário Reno Labre, os hábitos dos consumidores irão mudar devido aos impactos causados pela pandemia.  “Tudo indica uma participação maior no meio digital, em comprar online. As pessoas que não tinham costume tiveram que se adequar. A forma de vender mudou já. Inicialmente uma parcela do público estará mais desconfiada, e quem souber lidar melhor com os protocolos e sistemas de delivery vai conseguir se sobressair”, comenta

Por outro lado, segundo o empresário, com a abertura do comércio haverá um movimento rompante nos primeiros dias. “Observamos isso em outros países, que as pessoas que tem coragem de sair, irão aos bares e restaurantes. Vai ter um bom movimento até que todos matem essa vontade”, relata, entretanto, Labre se diz preocupado com essa situação, já que pode resultar em um aumento no número de casos da Covid-19, caso as pessoas não se cuidem corretamente.

“Se os números de infectados aumentarem, existe a possibilidade de ter de fechar novamente. Então a situação piora, eu mesmo não sei se aguentaria. Em minha opinião, a administração pública fechou antes do tempo e está abrindo antes do tempo certo”, comenta. Além da preocupação com a saúde pública, o empresário afirma que o faturamento não será o mesmo, já que existe uma série de restrições, inclusive de quantidade de pessoas, a ser seguida. 

Segundo Labre, o fechamento dos estabelecimentos afetou seu negócio.  “Não houve aviso prévio. Não tivemos como nos precaver com queimas de estoque. Eu vendo um pouco de chopp por delivery até acabar ou estragar. Depois estudei e vi que não teria retorno no meu caso. Fechei o meu bar e meu faturamento foi zero nesse período. E as despesas continuaram, mesmo que consegui negociar, ainda tiver despesas com luz, água, aluguel. Também teve as rescisões de cerca de 50% do pessoal que tive que demitir, além das férias que paguei para outros”, comenta. 

Decreto 

Conforme o Decreto nº 1.903, publicado no último dia 5, para a volta do funcionamento de comércios gerais na última segunda 8, e dos demais (para shopping, bares, restaurantes e lanchonetes, academias e congêneres) na próxima segunda, 15, os empresários devem seguir os protocolos sanitários estabelecidos pela Prefeitura de Palmas.  Os estabelecimentos devem assinar o Termo de Ciência dos Protocolos Gerais e Específicos e adotar os protocolos de uso obrigatório de máscara, distanciamento social de dois metros e monitoramento da saúde dos trabalhadores. Essas ações devem ser seguidas, inclusive, pelos comércios que já estavam funcionando. 

Está determinado o horário de atendimento alternado para não sobrecarregar o transporte público, sendo que funcionários usuários de ônibus não podem usar a mesma roupa no trabalho e no deslocamento. Todo estabelecimento deve dispor de comunicados para clientes e colaboradores sobre as normas de proteção. O Decreto prevê o afastamento, sem prejuízo de salários, de colaboradores dos grupos de risco, além do funcionamento acontecer com capacidade operacional reduzida. Também devem disponibilizar tapete ou toalha umidificada de hipoclorito de sódio a 2% para desinfecção de sapatos na entrada do estabelecimento.
Além dos protocolos sanitários gerais o Decreto Municipal trata dos protocolos específicos que se dividem de acordo com os segmentos.

Para os locais que abrem nesta segunda, aos shoppings são: controle de acesso nos horários de grande fluxo como almoço e finais de semana; higienizar balcões, bancadas, esteiras, caixas registradoras, calculadoras, máquinas de cartão (envolta por papel filme), telefones e itens de uso comum com álcool 70% ou diluição de hipoclorito de sódio, em intervalos mínimos de 30 minutos. Além disso, não é permitido o uso de provadores e os postos de check out devem ter uma proteção de acrílico. 

Já para bares, restaurantes e lanchonetes, segundo o Decreto Municipal, é necessário adequar o layout das mesas para atender à distância de pelo menos 2 metros ou usar barreiras físicas; manter as portas abertas em tempo integral; limpar pelo menos quatro vezes ao dia o salão de alimentação; reforçar a higienização de mesas e cadeiras, evitar objetos nas mesas e cardápios e devem ser revestidos de material que possibilite a limpeza. Outra medida é a substituição do guardanapo de tecido por papel. 

Esses estabelecimentos que servem comidas e bebidas devem abrir em horários específicos, para que o tráfego de clientes e profissionais não coincida com o pico de movimento do transporte público. Além dos garçons, para evitar proximidade, não podem servir prato ou copo do cliente; música somente para som ambiente, não é permitido dançar; e limitar o acesso de clientes que entram no ambiente, para evitar aglomerações.  

Já as academias e congêneres devem abrir em horários específicos; limitar a quantidade de clientes que entram no estabelecimento, de modo que ocorra a ocupação simultânea de um cliente a cada 4 m²; manter as portas e janelas abertas em tempo integral; comunicar aos clientes que tragam para uso suas próprias toalhas; durante o horário de funcionamento, fechar cada área de treino no intervalo de uso de um cliente para o outro, para limpeza e desinfecção dos ambientes. 
Outra medida é posicionar kits de limpeza em pontos estratégicos das áreas com equipamentos, contendo toalhas de papel e produto específico de higienização para que os clientes possam usar nos equipamentos de treino, como colchonetes, halteres e máquinas, com a observância de que no local deve haver orientação para descarte imediato das toalhas de papel.