Mais de 12 milhões de quilos de carne são desperdiçados por ano. Cerca de 40% desse desperdício se deve principalmente a lesões que o animal sofre no manejo, ainda dentro da fazenda. Para mostrar que o respeito e o bem-estar animal e aplicação de tecnologias refletem na carne que chega ao consumidor, na 22ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), realizada em Ribeirão Preto, visitantes, pecuaristas e agricultores tiveram uma experiência diferente, com a demonstração do Caminho do Boi.

Na demonstração, as pessoas são convidadas a fazer todo o trajeto que um boi percorre, da identificação até o abatedouro. O objetivo do projeto é apresentar, na prática, a importância da integração da cadeia produtiva da carne e chamar a atenção da sociedade, e principalmente do pecuarista, para os impactos da produção e qualidade do produto que entrega ao frigorífico e, consequentemente, ao consumidor, o que reflete diretamente na rentabilidade do negócio.

De acordo com a idealizadora do projeto e vice-presidente executiva da Beckhauser, Mariana Beckheuser, o Caminho do Boi nasceu há quatro anos, com o intuito de convidar as pessoas a se colocarem no lugar do animal. Beckheuser acrescentou ainda os três pilares da iniciativa. “Rentabilidade do produtor, responsabilidade com o animal e, por último, o pecuarista tem que entender que ele não produz boi e sim carne, é obrigação do pecuarista oferecer uma carne de qualidade”, completou.

Trajeto

As pessoas passam pelo trajeto desde a identificação do animal até o abate. O visitante, ao chegar no estande, recebe um anel, como se fosse o número, em seguida, passa pela genética, que é o passo que vai definir o tipo de gerenciamento e acompanhamento que o animal terá. Após a genética, o animal segue para o pasto, que segundo a empresa Beckhauser, é um dos maiores problemas na criação bovina. Isso porque o pecuarista não tem o cuidado com o adubo e fertilização do pasto, o que interfere diretamente na qualidade e eficácia do animal.

O próximo passo é a nutrição e confinamento. É neste momento que acontece a engorda do boi, o animal ganha mais peso em menos tempo. O período de confinamento vai de acordo com a necessidade do produtor, mas segundo a empresa, esse período acontece normalmente em 90 dias. Em seguida, o animal vai para a brete coletiva que é onde o animal fica aguardando a próxima etapa, o tronco de contenção.

No tronco de contenção, o animal é vacinado e castrado com a nova tecnologia aplicada, o tronco se ajusta ao boi, evitando que ele se estresse ou mesmo se machuque, mantendo o ph da carne adequado. De acordo com a Beckhauser, o ph está diretamente ligado ao estresse do animal, que deve estar acima de 5,9.

O próximo passo é o transporte do animal. De acordo com a tecnologia apresentada, a plataforma do caminhão é emborracha e possui elevações, evitando que o animal escorregue ou se deite e seja pisoteado. Além disso, a plataforma possui elevador hidráulico, o que dá uma segurança maior para o animal.

Por fim, no abatedouro, o animal é pesado, e em seguida recebe uma medicação por meio de uma pistola, que tira a sensibilidade do boi. O animal desmaia e é feito a sangria. Todo este processo é 100% automatizado.

Tocantins

O Tocantins ocupa a 7ª posição no ranking nacional de bovinos em confinamentos, com aproximadamente 150 mil animais confinados a cada ciclo. Nesta semana, o Estado promoveu um curso sobre confinamento bovino, para divulgar as boas práticas neste sistema.

O objetivo do curso é treinar produtores e técnicos que já utilizam o sistema ou que pretendem investir no uso dessa tecnologia, com palestras que abordam temas como: manejo racional, nutrição de bovinos, sanidade animal, gestão, produção de silagem e manejo de pastagens. Na última quinta-feira, aconteceu a visita técnica em uma propriedade no município de Pium.

O Estado é reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa com vacinação, superando a marca dos 99% do rebanho imunizado a cada campanha. Diante do cenário pecuário no Estado, no ano de 2002 a empresa responsável pela demonstração do Caminho do Boi, inaugurou a sua filial em Gurupi, e em 2013 inaugurou a nova sede um reconhecimento da empresa, ao potencial do Estado para a pecuária nacional.

 

*A repórter Thuanny Vieira viajou a Ribeirão Preto a convite da Mecânica de Comunicação.