O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) rejeitou recurso do Ministério Público Federal (MPF) e manteve a aprovação da compra da Embraer pela Boeing. Como antecipou o Estadão/Broadcast, operação foi aprovada pela superintendência-geral do Cade em janeiro.

Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou recurso pedindo que o tribunal do Cade julgasse o processo. Nesta quarta-feira, 19, porém, o relator do processo, Luiz Augusto Hoffmann, entendeu que a lei não permite que o MPF recorra em casos de atos de concentração já aprovados pela superintendência-geral do Cade. O entendimento foi seguido pela maioria dos conselheiros e o recurso foi rejeitado.

A superintendência analisa todas as operações de fusão e aquisição e pode aprovar o negócio quando considerar que não há risco à concorrência. Se avaliar que há prejuízos, a superintendência envia o processo para o tribunal do Cade.

A aprovação pela superintendência é terminativa, mas pode ser analisada de novo caso um conselheiro decida “avocar” o processo para julgamento no tribunal do Cade. A análise do tribunal também pode ser pedida por empresa terceira interessada, inscrita previamente no processo.

Depois da decisão do Cade, as ações ON de Embraer aceleraram os ganhos e bateram máximas. Às 13h05, os papéis tinham alta de 0,59% enquanto o Ibovespa subia 0,98%, aos 116.100,64 pontos.

Negócio bilionário

A compra da Embraer foi anunciada pela Boeing em julho de 2018 e é avaliada em US$ 4,2 bilhões. O negócio foi aprovado por autoridades antitruste dos Estados Unidos e da China, mas ainda depende do aval da União Europeia para ser concretizada.

A superintendência-geral do Cade não identificou problemas concorrenciais no negócio. “A Embraer tem uma característica de complementariedade com a Boeing, e não de rivalidade, porque os aviões da Boeing não se adequam a mercado regional e de médio porte”, disse ao Estadão/Broadcast o superintendente-geral do Cade, Alexandre Cordeiro, na ocasião.