A Bolsa de Valores começou 2020 registrando nova marca histórica e com alta praticamente generalizada entre as ações. O Ibovespa fechou o primeiro pregão do ano com elevação de 2,53%, na máxima, ao novo recorde de 118.573,10 pontos. No último dia útil de 2019, o Ibovespa caiu 0,76% (115.645,34 pontos), mas terminou o ano com ganhos de 31,58%.

Conforme um operador, "aparentemente" boa parte das compras hoje é feita por investidor estrangeiro, mostrando confiança no País. "Mas temos de esperar para ver se isso se concretizará e, em se concretizando, se será sustentável", diz.

Nem mesmo a ressaca de fim de ano limitou o volume de negócios na B3, que somou R$ 20,9 bilhões, ficando acima dos anos anteriores: R$ 17 bilhões (2018) e de apenas R$ 8 bilhões (2017). Também no primeiro dia útil de 2019, o Ibovespa fechou em alta de 3,56%, aos 91.012 pontos, recorde histórico à época.

Normalmente, ressalta o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, no início do ano o investidor sente-se um pouco mais confortável para ousar, pois tem um ano pela frente para tentar recuperar eventuais perdas. "Dá para arriscar mais pois o ano está só no começo, e depois pode se ajustar, caso precise", diz.

O cenário externo também ajudou no desempenho, com a afirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a assinatura do pacto comercial preliminar com a China ocorrerá neste mês. Além disso, contribuiu para esse clima a informação de que o banco central chinês cortará a quantidade de dinheiro que os bancos devem ter nas mãos a partir do dia 6. A medida é um esforço para minimizar a desaceleração da economia, liberando cerca de 800 bilhões de yuans (US$ 114,6 bilhões) para fins de empréstimo.

Indicadores internos também estão favoráveis. Nesta quinta, foram divulgados dois dados que comprovam o cenário. O primeiro foi o da Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Segundo a federação, o emplacamento de novos veículos no Brasil em 2019 teve o desempenho mais elevado em cinco anos. Já o Índice de Confiança Empresarial (ICE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), relativo a dezembro, alcançou a maior marca desde janeiro de 2019, ao subir 97,1 pontos ante novembro.

Dólar

O dólar desacelerou o ritmo de alta na parte da tarde e fechou a R$ 4,0242. O quadro favorável do Brasil ajudou a retirar pressão no câmbio, por conta da expectativa de fluxo externo mais favorável, após os fracos números de 2019. 

No ano, até o dia 27 de dezembro, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 43 bilhões, o pior resultado da história. Pelo canal financeiro, que inclui os investimentos na B3 e em renda fixa, saíram US$ 61 bilhões, em valores líquidos.

O gestor Dan Kawa, sócio-diretor da TAG Investimentos, vê chances de enfraquecimento do dólar pela frente no Brasil, mas a dúvida é sobre a sustentabilidade deste movimento. "Iniciamos 2020 com alguns desafios, como aglutinar novamente o Congresso em torno de novas reformas, mas com um quadro econômico um pouco mais arrumado."